segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Flour in the Floor.

Era um São João desses da vida. Iria rolar um arraiá entre parentes.

Já estava tudo organizado: comida, bebida, mesas, banda... Quando cai aquele pé d’água.

Desespero. Minha tia, anfitriã da festa, começa a maldizer o mundo e o tempo, a se entristecer pelos convidados que viriam...

Quando minha avó pergunta onde está a farinha da casa. Atônito pelo pedido nonsense, observo-a.

Ela toma o saco de farinha nas mãos e começa a despejar punhados nos cantos das calçadas. E em pouquíssimos minutos o chuvaréu acaba. E daquele momento, a festa foi até a madrugada, sem cair um pingo d’água sequer.

Lógico que as variáveis para que naturalmente não chovesse durante a noite inteira eram várias. Nem se preocupem: eu faço parte do bonde dos céticos.

O que me deixou atônito foi a segurança dela. Era como se, em seus oitenta e poucos anos de idade, nunca tivesse dado errado.

Pensei em questionar o seu comportamento. E, no mesmo instante, declinei. Não achei digno.

Que os cientistas se questionem em seus laboratórios, jalecos e teses. Que coloquem minhocas nas suas cabeças sobre a equação farinha na calçada + vontade = estiagem.

Enquanto isso, que minha avó, com sua beleza e certezas, continue a salvar as nossas festas. E reclamar que seus filhos e netos bebem demais.


Carpe Diem. Amo vocês.

Nenhum comentário:

Postar um comentário