
Já estava tudo organizado: comida, bebida, mesas, banda... Quando cai aquele pé d’água.
Desespero. Minha tia, anfitriã da festa, começa a maldizer o mundo e o tempo, a se entristecer pelos convidados que viriam...
Quando minha avó pergunta onde está a farinha da casa. Atônito pelo pedido nonsense, observo-a.
Ela toma o saco de farinha nas mãos e começa a despejar punhados nos cantos das calçadas. E em pouquíssimos minutos o chuvaréu acaba. E daquele momento, a festa foi até a madrugada, sem cair um pingo d’água sequer.
Lógico que as variáveis para que naturalmente não chovesse durante a noite inteira eram várias. Nem se preocupem: eu faço parte do bonde dos céticos.
O que me deixou atônito foi a segurança dela. Era como se, em seus oitenta e poucos anos de idade, nunca tivesse dado errado.
Pensei em questionar o seu comportamento. E, no mesmo instante, declinei. Não achei digno.
Que os cientistas se questionem em seus laboratórios, jalecos e teses. Que coloquem minhocas nas suas cabeças sobre a equação farinha na calçada + vontade = estiagem.
Enquanto isso, que minha avó, com sua beleza e certezas, continue a salvar as nossas festas. E reclamar que seus filhos e netos bebem demais.
Carpe Diem. Amo vocês.
Nenhum comentário:
Postar um comentário