Eis que o instinto ruge. E uma vontade surge.
A vontade de correr com minha matilha. Aquela antiga, tanto a matilha quanto a vontade. À qual os riscos não se calculavam. Nem a matilha nem a vontade.
Subir e descer por aquele antigo campo, nosso elemento. Voltar a farejar os mesmos aromas de outrora. Hoje mesmo, não haveria prazer maior se eu voltasse às ruínas e encontrasse os mesmos lobos. Se engalfinhando, a brincar as mesmas brincadeiras de outrora.
Que bom seria se eles parassem tudo o que estivessem a fazer quando me vissem! E lançassem aquele olhar, tão característico e tão genuíno e do qual sinto tanta falta!
Aquele que diz: "Lógico que sentimos saudade!
Só que não aguentamos esperar tanto."
E seria bom. Tocar o chão e sentir o vento é diferente sem vocês. E é diferente com vocês.
E caçaríamos. E voaríamos baixo. E assustaríamos os mesmos seres de outrora com nossas táticas, caóticas e intrincadas, mas que sempre funcionavam.
E anoiteceria. E é aí que seria melhor ainda. Porque uivaríamos. E morderíamos. E sangraríamos.
E quando chegasse a hora de dormir, fugiríamos do frio... juntos.
(Uma borboleta no chão. Corro em direção a ela.)
E o instinto desse velho lobo finge, com sucesso, que não há mais saudade alguma.
Carpe Diem. Amo vocês.