sexta-feira, 31 de julho de 2009

Espiral.

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Now playing on iTunes: The Fireman - Two Magpies
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Passaste boa parte de teu tempo a escarnecer minha lealdade. Pisar em cada milímetro de felicidade que meus sorrisos continham.

E me humilhaste. A mim e ao que eu sentia. Fazia-me feliz e questionava a felicidade que tu mesma causavas em mim.

Fazias querer parecer que toda pétala arrancada fosse de mal-me-quer. E sorrias. Sorrias de todo dano que causava e do quanto ser assim me tornava cada dia mais teu.

Fazer pouco dos meus sentimentos era o teu lúdico. Debochaste de minha sinceridade. Desfizeste de tudo que era meu, só por ser tão teu.

O pior de ser fiel é quando tu nem em fidelidade acreditas.


Carpe Noctem. Amo vocês.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Para o mundo, que eu quero descer!

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Now playing on iTunes: The Beatles - I'm A Loser
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E dói.
E manca.
E a folha cai.

A bala na agulha.
Mas a arma a quilômetros.

E o mundo roda.
E eu vou na onda.

Sendo impossível,
Portanto,
Ficar parado.

(Então vou me sentar agora, tá bom?

Tchau.)


Carpe Noctem. Amo vocês.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

F2.

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Now playing on iTunes: Queen - Headlong
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A calma
corrompe
quando se é plena.
Acostuma
à calma viver
a própria calma.

Em braços
não-teus,
a calma foge.
E foge duas vezes
em notar
que não são
os teus.

Entregue à virtude,
torna vício.
Entregue à Vênus,
torno-me Marte.

Dúbio e Duplo.
Plural e Ambíguo.
Meu e não.
Segue e esconde.
Mata aos poucos...

(...Por nem machucar.)


Carpe Noctem. Amo vocês.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Véspera.

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Now playing on iTunes: Ana Cañas - Não Quero Mais
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A primeira lágrima desceu antes mesmo de eu desligar o telefone. E o clima dentro daquele quarto escuro, de meia-luz por conta da cortina mal-fechada, ficou soturno como nunca.

Certtifiquei-me de que a porta estava trancada, o que racionalmente seria bobagem, já que ela sempre estava. Mas aquele não era um momento propício para racionalidades.

Nem mesmo a música alegre que tocava no momento fora percebida, o que denotava a genuinidade da tristeza. Quando estamos apenas parcialmente abatidos, sentimos um mórbido prazer em compor um cenário perfeito à prática do entristecer-se.

Não era o caso.

A dor doía a ponto de querer fazer de toda molécula de pelúcia, celulose, vidro, plástico, metal e pétala que a lembrasse rasgar tal qual o coração aparentava estar. Que se desintegrassem... embora não houvesse como rasgar todo o sentimento contido em cada intenção contida em cada regalo.

Não há o que fazer. A inércia advinda da sensação de ter o corpo puxado em todas as direções ao mesmo tempo. A falta-de-reação que é filha do susto veio a visitar-me.

E ela disse: "eu te odeio".

E eu não consegui pensar em nada que a fizesse sentir o contrário.


Carpe Noctem. Amo vocês.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

As Nove Faces das Musas (1)

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Now playing on iTunes: Ana Cañas - A Menina E O Cachorro
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A voz do bardo caído,
falando dos dias que eram dele,
foi o primeiro som que aquele
bravo guerreiro teria ouvido.
Atordoado, ele captava
o mundo ao teu redor -
tão distinto e tão menor
donde outrora estava.

O espólio da outra noite
e dias anteriores,
tão ausentes de cores
ainda lhe vem tal açoite.
Encontra conforto apenas
Quando sai do gélido castigo
E encontra, no tecido amigo,
temperaturas amenas.

Do outro lado do aposento
o guerreiro ouve o brado,
forte como um machado,
de quem o toma por rebento.
Por aquele urro urgente,
imponente como nenhum,
ele ignora o desjejum
e célere vai à sua frente.

Vê o conteúdo do alforje
em cada arma guardada
para assegurar que nada
à sua memória lhe foge.
Acena a cabeça, em positivo
e vê às suas costas, a estrada
Referendando a jornada
Cujo tento é retornar vivo.


(Face-Calíope, Ato I:
"Me arrumando para ir ao trabalho")


Carpe Noctem. Amo vocês.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Doze Casas.

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Now playing on iTunes: The Beatles - A Day In The Life
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Divido com vocês a relíquia abaixo, que ganhei do meu amigo Goi (vulgo Auciomar):


Esse foi o time da 4ª série C, campeão do I Torneio da Amizade do Henrique Castriciano, em 1994.

Assim como Goi comentou, eu pensei de primeira que não lembraria o nome de todos. Mas o fiz. E várias lembranças pipocaram. Tanto desse dia em específico (que foi a primeira vez que chorei de alegria, ao ganhar o campeonato) quanto dessa época de escola. Cada rosto que vi me lembrou de pelo menos um episódio em específico.

Também, pudera: boa parte dessa formação passou toda a vida escolar junta. Nos víamos todos os dias úteis e alguns fins de semana, tirando as tardes "produtivas" fazendo trabalhos escolares.

Fico feliz por ter contato ainda com muitos deles. Ao mesmo tempo que fico triste pelos que perdi contato. Inclusive, se você estiver aqui (ou não) e quiser retomar o contato com a gente, fica o recado.

Ah, só p'ra constar: eu sou o primeiro da esquerda, na fileira dos agachados.

Muito obrigado, Goi, pela oportunidade. E muito obrigado a Victor, Rodolfo, Márcio, Graciliano, Auciomar, Matosalém, Frederico, Thiago, Diego, Adolfo, Igor, Daniel, Danillo e tantos outros pelos momentos compartilhados. De alguma maneira, por conta de tudo que vivemos juntos, todos nós somos irmãos.


Carpe Noctem. Amo vocês.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

De(ath)sign (29)

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Now playing on iTunes: The Beatles - Across The Universe
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Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.


Carpe Noctem. Amo vocês
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De(ath)sign (28)

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Now playing on iTunes: Tom Zé - 08 - Me Dá, Me Dê, Me Diz
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Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.


Carpe Noctem. Amo vocês
.

De(ath)sign (27)

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Now playing on iTunes: Vanessa da Mata - Eu Quero Enfeitar Você
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Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.


Carpe Noctem. Amo vocês
.

De(ath)sign (26)

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Now playing on iTunes: Van Halen - Hot For Teacher
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Esta obra está licenciada sob uma
Licença Creative Commons.


Carpe Noctem. Amo vocês
.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Fallen

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Now playing on iTunes: Nando Reis e Os Infernais - Driamante
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Estou cansado de ver minha autonomia se esvair. De ser tão fina a ponto de escapar por minhas mãos entreabertas.

Estou cansado de ver ventiladores direcionados a meus castelos de cartas toda vez que vacilo.

Estou cansado de ter o tapete puxado por mãos tão outrora dóceis.

Estou cansado de esperar pelo amor que me pediu paciência.

Estou cansado de tudo isso e muio mais.

Quero mudar.

Mas estou tão cansado...


Carpe Noctem. Amo vocês.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Eu, ONU de mim.

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Now playing on iTunes: Nando Reis e Os Infernais - Mosaico Abstrato 2
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Muitos dos que visitam o blog sabem que sou psicólogo. E, como tal, tenho como uma das principais atribuições a de mediar conflitos.

Segundo amigos meus, eu já possuia essa habilidade antes mesmo de pensar em fazer faculdade. E, diga-se de passagem, isso parece ser mesmo verdade, pelas vezes que as pessoas demandam meus préstimos, mesmo "à paisana". Não sei o que tenho escrito na testa, mas deve sinalizar bem. Não são poucas as vezes que até mesmo pessoas que nunca me viram na vida chegam a mim p’ra fazer confidências ou resolver questões externas.

As prováveis causas para isso acontecer podem ser várias. Eu mesmo tenho algumas hipóteses em mente.

Mas não é esse o foco.

A questão é: como se acostumam à minha persona centrada, resoluta e solícita (coisa que, acreditem, eu NÃO sou 24/7), parece que as incomoda presenciar qualquer comportamento que destoe dela. Qualquer traço irracional, conflitante ou indeciso soa inadequado.

Mesmo nas relações pessoais, quando surge um episódio de um Breno-irado, Breno-teimoso ou Breno-imprudente, logo vem a crítica. Já fui chamado de “cruel” apenas por ter sido sincero em vez de ter assumido a velha postura do ouvinte incondicional. Como se o inesperado tomasse forma de inconcebível. E quantos danos isso já me causou...

Mudando sem mudar de assunto, recordo-me de uma vez em que eu participava de um projeto de extensão em Plantão Psicológico, para atender pacientes e parentes do setor de politrauma do maior hospital do Rio Grande do Norte. Fui incumbido de atender uma família que havia acabado de chegar. Um rapaz sofrera um razoavelmente grave acidente de moto. Chega um casal de idosos, seus pais, e uma garota. A senhora e a garota choravam de forma desesperada. Falei com a moça e perguntei se ela era namorada do rapaz. Ela respondeu que era ex-noiva dele. Estranhei, em princípio.

O pai do rapaz contou como ocorrera o acidente, passou o tempo inteiro cuidando delas duas, sobretudo a esposa. Quando as crises de choro dela tornavam-se mais graves, ele a abraçava serenamente. Falava palavras doces. Solicitaram um calmante injetável e ela permaneceu um tempo, inquieta, para depois entrar num estado semelhante a um cochilo. A garota acompanhou o pós-operatório do ex-noivo. O senhor, em certo momento, escapou um comentário importante p’ra análise daquela dinâmica:

“Eu estou uma bomba-relógio”.

Quando o pai do rapaz viu que a situação se estabeleceu ele olhou para mim. Retirou um lenço do bolso da camisa. Olhou para baixo. E caiu num agudo e sofrido pranto. Começou a relatar sobre os conflitos entre o seu filho, a esposa e a ex-noiva. Pelo que seu discurso indicava, ele era a liga entre as relações. O apaziguador. Portanto, não poderia demonstrar fraqueza no momento em que precisava exalar fortaleza.

Empatizei logo de cara com o senhor do relato acima. Às vezes, dá a impressão que eu não posso perder as estribeiras p’ra não desabar tudo. Como se pensassem: “É, se nem Breno consegue ficar calmo diante disso, fodeu tudo”.

Algumas relações em que entrei, inclusive pareciam abusar disso. Tanto em casos como “Eu posso endoidar, aqui, já que ele vai sustentar pelos dois” quanto “entre ele ou outro, vou escolher o outro porque ele consegue aguentar melhor uma má notícia”. O mais paciente sempre acaba por último. Nice guys finish first.

E é isso. Esse é um manifesto pelos meus direitos. O de ficar puto. Triste. De magoar outra pessoa. O de não ter resposta p’ra tudo. E, acima de tudo, o de soar inseguro.

E se por acaso você não esperasse nunca que iria ler palavras como essa por aqui... é porque meu desabafo funcionou a meu contento.


Carpe Noctem. Amo vocês.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Alente.

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Now playing on iTunes: Wings - So Glad To See You Here
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Li dia desses algo que ela escreveu p'ra mim. Encerrava dizendo: "jamais deixarei de gostar de você."

E eu sorri, com a beleza do imprescindível a inundar a vida dos amantes. Daquele precioso direito de ser ingênuo. Haveria final-feliz mais honesto de se torcer do que o seu próprio?

Hoje, não estamos mais juntos. O que, de uma maneira que o Universo tornou incompreensível, fez o que ela escreveu ficar mais bonito. um doce registro de um velado amor doce. Da típica falta de escolha das palavras. Uma falta de critério que só os amantes dominam.

Amar de verdade é redescobrir um parâmetro. É sentir-se maior que antes. É não caber em si ante a mera iminência de encontrar o outro. E, ao quebrar a cara, é encontrar outro parâmetro e reiniciar o ciclo. Mesmo que a Vida, brincando conosco, nos põe de frente, novamente, a um antigo amor, será para degustar sabores diferentes.

Lembro com muito gosto do tempo que não éramos, nem precisávamos ser. Daquele amor que teimava em brotar. O qual surgia e nos fazia ser os últimos a saber. Da cumplicidade que saltava os olhos e gerava todos os tipos de sentimentos ao nosso redor. Todos mesmo.

E ela disse: "jamais deixarei de gostar de você".

E eu não lembro o que respondi.


Carpe Noctem. Amo vocês.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

O amor, em 13 contos (2).

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Now playing on iTunes: Melissa Auf der Maur - Followed The Waves
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Esse foi o simpático convite que recebi de Patrício Jr., falando do lançamento de seu segundo livro, "A Cega Natureza do Amor" (que já foi recomendado por aqui). Já ouvi que mais pessoas também receberam mensagens personalizadas como essa (o que deve ter dado um trabalho da porra, viu, Tio?)

Então, melhor do que um reply, farei um retweet (falando grego? Então acesse www.twitter.com/breno_machado e tenha uma noção do furdunço). Estão todos convidados para uma noite de muitas artes e o mesmo tema: o Amor.

(Disseram até que, se rolar um quorum, vai ter um mega-beijo com todos os convivas. No mínimo, uma boa história p'ra contar p'ros netos!)

Então, é isso. Nos vemos todos quinta-feira lá na Siciliano do Midway.

E, Patrício, valeu pelo carinho. Estarei lá certamente.


Carpe Noctem. AMO vocês.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Sine cera.

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Now playing on iTunes: Paul McCartney - Average Person
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Eu não lhe chego, carmim delírio. Não torna-te plena.

Eu não lhe alcanço, áspero Graal. Bússola sem ponteiro.

Tu vertes, plena, leite e mel. És mesa farta de néctar e ambrosia. Tens frutos da própria Yggdrasil.

Mas donde mergulho em teu Rio? Donde é o pé de teu Olimpo?

Mergulhei às profundezas e chamei o Oceano por todos os seus nomes. Li o Livro dos Mortos. Desci à cálida morada de Marduk. Chorei aos braços da Mãe Terra e encarei olho a olho o Deus Chifrudo.

Sátiros, arcanjos, valquírias e anubitas riram de mim.

Quanta penitência enfrentar? Quantos devo derrubar em Valhalla?

Urano questionou se és redenção ou danação. Como saber, se eu não te acesso?


Carpe Noctem. Amo vocês.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Fênix (2).

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Now playing on iTunes: Titãs - Eu Vezes Eu
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Ele dirigia tranquilamente pela cidade, quando ouviu um estampido de algo atingindo seu automóvel, pela lateral, do lado do passageiro.

Imediatamente, desceu para averiguar o ocorrido. Um homem acertou em cheio o carro com uma bicicleta. Estava no asfalto, escoriado.

Certamente movido pelo impulso que seu ofício exige, ele deixou p'ra ficar puto depois com a situação do seu carro (Vale frisar que Ele é apaixonado e ciumento com todos os carros que teve). Colocou o homem dentro do carro, a bicicleta amassada na mala do automóvel e partiu para o Posto de Saúde mais próximo. Enquanto era socorrido, Ele foi a uma oficina consertar a bicicleta do desconhecido.

O homem havia sofrido leves escoriações. Ele deu uma carona até a casa do desconhecido, que se queixava por ser pedreiro e ter que faltar ao serviço, prejudicando o orçamento da família. Compadecido com a situação, Ele não apenas pagou o conserto da bicicleta do rapaz como deixou um cesta básica e dinheiro para ele não se preocupar com as finanças da semana. Deixou ainda o número de seu telefone para contatá-lo em alguma emergência.

Segunda-feira. Ele estava realizando seus afazeres diários quando o seu celular toca.

"Alô. Doutor? Lembra de mim? Sou eu, o rapaz da bicicleta."

"Opa! Tudo bom? Como vai?"

"Ah, tudo bem! Doutor, estava precisando de uma ajudinha sua..."

"Pois não."

"Sabe o que é? É que eu queria saber se o senhor poderia me dar mais uma ajudinha essa semana. Sabe como é, eu ainda não estou muito bem..."

Acessando todo o seu conhecimento na arte da cura, bem-como sua experiência em como o ser humano funciona, Ele demorou alguns segundos, tomou fôlego e disse, serenamente:

"Vaaai tomar no cu, seu vagabundo! Vá se foder! Quer viver às minhas custas, é?"

Desligou o telefone. Assim que teve oportunidade, visitou a construção onde o homem trabalhava e falou ao mestre-de-obras:

"Se aquele vagabundo filho-da-puta não aparecer p'ra trabalhar essa semana, pode dispensar ele da obra! Ele está mais do que capaz de voltar p'ro serviço!"

Essa história, verídica, resume muito bem o meu pai. Um homem generoso acima do comum. Mas longe, muito longe, de ser imbecil.

Mais uma das grandes lições que ele forjou em meu caráter, além do senso de responsabilidade, respeito e carinho consigo e com os seus; de paciência, atenção e confiança no que quer que eu faça.


Parabéns ao dia desse enorme ser humano. Em todas as qualidades e defeitos que isso possa significar, amo-os todos.

Amo-te. Em um estado próximo à veneração.

Aguardo a noite de hoje para tomarmos ums cervejas, jantar e termos mais uma das edificantes discussões em que nunca discordamos um do outro.


Carpe Noctem. Amo você.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Palemon.

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Now playing on iTunes: Wings - Call Me Back Again
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Enlouquecer não é sair de si.

É, sim, o justo oposto.


Carpe Noctem. Amo vocês.

terça-feira, 7 de julho de 2009

64.

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Now playing on iTunes: Titãs - Múmias
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A vida é um jogo de criação de expectativas e de investimento na manutenção de nossas próprias profecias autorrealizadoras. Quando uma se inutiliza a gente substitui, à revelia do esforço e sacrifício que isso possa custar.

Às vezes, mudamos de escola. Às vezes nos apaixonamos novamente. às vezes, enlouquecemos. Mas o esforço é sempre visando transformar o ferimento em cicatriz.

E teimamos. Fugimos como o diabo da cruz de qualquer coisa que remeta a uma dor antiga, mesmo que a afiada lâmina de outrora hoje esteja cega e sem ponta.

E quando envelhecemos, percebemos que toda nossa empreitada em ser feliz nada mais consistiu em tentativa-e-erro.

Um não-ser triste por eliminação.


Carpe Noctem. Amo vocês.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

De Pierrot p'ra Pierrot

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Now playing on iTunes: Paul McCartney - Wanderlust
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Reconheço a dor
como minha,
mas dói
ver-te assim -

Tendo um quarto
de ilusão vivido
e tomando a vida
por finda.

Reconhecer derrota
que nem houve?
Achar lindo chorar
por alguém tão vão?

Sei que a dor
ainda não é tua.
Inda tens doutros
três quartos
p'ra crer e não
entregar os pontos
p'ra mim.

Mas ficarei feliz
se, ao menos
a si próprio,
haja algo que resida
ao lado da compreensão.


Carpe Noctem. Amo vocês.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Neverland.

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Now playing on iTunes: Red Hot Chilli Peppers - Emit Remmus
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"A necrofilia da arte tem adeptos em toda parte. Traz barato artigos de morte. Dá meu endereço a quem não gosto. Faz compreender quem não conheço

Se o Lennon morreu, eu amo ele. Se o Marley se foi, eu me flagelo. Elvis não morreu, mas não vivo sem ele. Kurt cobain se foi, e eu o venero.

Zunfus Trunchus, que eu nem conhecia, virou meu star no outro dia."


[Giberto Gil e Rubinho Troll - A Necrofilia da Arte]


Carpe Noctem. Keep moonwalking.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

O amor, em 13 contos.

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Now playing on iTunes: Legião Urbana - Os Barcos
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Segundo livro do Jovem Escriba Patrício Jr. sai dia 16

Cartas apaixonadas. A gravidez indesejada e depois amada. A relação impossível. O romantismo da moça que se apaixona por um gringo. O mesmo sexo. A espera no cais do porto, por quem nunca vem. Discussão. Traição. São essas situações às quais nos submete o maior dos sentimentos que constroem os 13 contos escritos por Patrício Jr. em seu segundo livro “A Cega Natureza do Amor”, com lançamento marcado para o próximo dia 16 de julho, às 19 horas, na livraria Siciliano do shopping Midway Mall, em Natal.

O autor explica que não escreveu intencionalmente sobre o assunto preferido da literatura – o amor – mas que o tema surgiu naturalmente, ao fazer a seleção dos contos. “Percebi que esse sentimento dava unidade aos textos. Estavam lá o amor platônico, o amor religioso, o amor moderno, uns com finais tristes e outros felizes. No final, a intenção é que o leitor fique com a impressão de que apesar de, vale a pena amar”, teoriza.

A maioria dos textos é inédita, somente alguns já foram publicados. É o caso de “Diva” que saiu na extinta revista Brouhaha e que está sendo adaptado para o cinema pelo diretor Buca Dantas. O processo coletivo de criação que envolve a obra, inclusive, reforçou o seu teor artístico. Destaque para a participação da fotógrafa Drika Silveira e para as interpretações musicais de Marlos Ápyus que fizeram, cada um, suas leituras dos contos. No lançamento, haverá uma exposição das fotos do livro e um pequeno show ao vivo.

Impressa pela gráfica carioca Lidador, a obra tem 124 páginas, tiragem inicial de 600 exemplares e terá campanha de divulgação no rádio, TV e Internet. O apoio cultural é da Grito Anime, Diginet, Drika Silveira Fotografias, Faz Propaganda, Versailles Recepções, Larissa Borges Projetos Editoriais, Camaleão Art Vídeo, Honda Motoeste e Sucesso Produções.

“A Cega Natureza do Amor” é o 11º lançamento do selo potiguar Jovens Escribas. O primeiro livro de Patrício Jr. foi "Lítio", lançado em 2005 também pelo JE. Nascido em Natal/RN, em 1979, o jornalista e publicitário é um dos fundadores do selo, que já publicou mais de 10 livros de novos autores. Ele escreve também no www.patriciojr.com.br.


Confiram, abaixo, os belos (e claustrofóbicos) teasers do livro:






Carpe Noctem. Break a leg, Tio.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Defiance.

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Now playing on iTunes: Queens Of The Stone Age - This Lullaby
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Mudaste a minha vida. Mas estou quase certa que não tiveste nada a haver com isso.

Encontrar-te foi como se meus dias tivessem tomado forma de obra literária. E tudo que vivi antes de encontrar teu corpo fosse mero prólogo.

Foi edificante. Restaurador. Próspero como nada que a vida havia me oferecido pudesse tomar comparação. Eu era, oficial, inadvertida e inevitavelmente tua.

Segui a cartilha dos apaixonados à risca. Por conta de ti, rasguei todas as cartas de amor que lhe antecediam. Esqueci de tudo e todos. Não havia sentido em comparar tudo que tinha por ti com tudo que tive antes.

O conceito de futuro se perdia, dado o fato de que não haveria nada além do presente contigo; Encontrava-te em qualquer lugar; Enfim, encontrei o sentido de “eterno”.

Até o dia em que dissestes que não era bem assim.

E chorei. Chorei muito. Embalada pelos temas mais bestas. Cada canção, bilhete ou rótulo do nosso vinho. Cada lembrança tua doía à alma.

Os dias passaram e eu continuava a cair em pranto. Até o dia em que as lágrimas deixaram de cair. A princípio, imaginei que elas houvessem esgotado em meu corpo. Entristeci. Meditei. E, sobressaltada concluí.

Embora nada me preparasse para a lancinante verdade:

Eu não o amava mais.

Entrei em desespero. Voltei a chorar novamente. Como sofrer pelo homem que havia modificado completamente o meu existir, que era meu apoio e minha morada, de repente deixou de fazer sentido? Como encarar o fato de encontrá-lo pelas veredas da vida e admitir a mim mesma que não sinto mais nada?

Tinha medo de ver-te na rua. Tinha medo de, embriagada, lhe dirigir um monólogo sincero sobre tudo o que não-sentia por ti. Não conseguia imaginar-me não-carregando o fardo de lhe querer a qualquer custo. E não ter explicação para isso apenas aumentava meu transtorno.

Vaguei sem direção, longe de amigas e família. Havia perdido meu norte. Sentei-me num banco de praça, e fiquei insistindo no doloroso processo de rememorar nossos momentos juntos, numa vã tentativa de reavivar qualquer sentimento, qualquer um que fosse.

Mais uma vez frustrada, chorei copiosamente. Não sabia mais o que fazer para lembrar de você.

Foi então que, desesperadamente, ele apareceu. Ofereceu-me um lenço de papel e perguntava o que acontecera comigo, temeroso por algum dos problemas sociais que atualmente nos afligem, tal um assalto ou coisa pior. Tranquilizei o estranho afirmando que não era nada disso. E, como se fosse um confidente de muito tempo (ou, talvez, porque ele não o fosse), relatei o meu problema, que parecia até bem ridículo quando o relatei em voz alta.

E ele sorriu para mim. E eu senti que não era por me achar ridícula. E, sim, porque antes de eu mesmo saber, ele já sabia que era de um sorriso que eu precisava.

Antes de achar razão nisso, já havíamos trocado telefones. E nos telefonamos. E marcamos de ver-nos. E nos vimos. E cada vez que nos víamos, algo diferente evocava em mim, e isso tomou uma proporção inédita. Muito tempo se passou até eu perceber que o amava. De uma maneira nova a tudo que havia sentido antes.

E hoje, rememorando tudo que havia sentido por ti... e tudo que achei que nunca sentiria por outra pessoa...

Vi que nunca antes havia me decepcionado de um modo tão bom.


Carpe Noctem. Amo vocês.