segunda-feira, 8 de abril de 2024

Soneto à Montenegro.


Eita, alma:
te acalma
Vê que de oito a infinito
é questão de ângulo.

Aquietar
ao perder sossego:
doce paradoxo,
Montenegro.

Sorriso aflora.
Do Parnamirim à Aurora.
Borboletas no umbigo.

Paixão, bicho burro.
Não calcula distância
De Nova ao Antigo.


Carpe Noctem. Amo você.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Morihei (2).



É sempre bom conviver com uma pessoa que você não gosta.

Porque até alguém que você repulsa pode lhe ensinar algo, mesmo que ela própria não tenha aprendido. Quer ver como funciona?

Todo dia, lembre-se de alguém de quem você deteste, ou de um ato detestável de alguém. E adicione à lembrança o mantra:

"Não farei isso. A cada vez que eu também fizer, torno-me mais parecido com ela."

Tiro e queda.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Augé.


(Dedicado a Vinicius Bento e Rafael Maldito.)




Brasil.
Lugar de ninguém,
Não-lugar,
a alugar-se
a quem tem.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Vinho do Porto. Ela sem cais.


Noto a recente mancha de vinho do Porto que criei no tapete. Nunca fui de encher a taça até a borda. E noto que minha boca tem tamanha aridez que a bebida seca e quente, na verdade, me refresca. Que meus ânimos estão ácidos a ponto de sentir um sabor doce na dionisíaca dádiva.

Creio que seria bem-sucedida se realmente houvesse um concurso para eleger a mulher mais estúpida do cosmos. E percebo que só penso dessa maneira hiperbólica quando embriagada.

Olho a foto dele no monitor. Agora tem dois filhos. Dois motivos que me dou para fazer com que ele nem se lembre mais que existo. Acendo um cigarro. Mudo momentaneamente de assunto. Marejo. E finjo não sentir a tremedeira nas pernas e o frio na barriga.

Engraçado que eu acho que tudo seria diferente se, oito anos atrás, eu tivesse ido àquele jantar de reencontro do pessoal do escritório. Se eu acreditasse de verdade nas entrelinhas que via nas mensagens enviadas. Se cresse que ele não queria dizer “não” quando me disse “não” em nosso último dia. Se eu ligasse mesmo para ele nas madrugadas em que a vontade surgia. Se eu não tocasse nos assuntos que toquei. E sinto-me ridícula após isso, porque em todos os momentos fui autêntica. Penso que se eu tivesse sido um pouco menos eu, poderia ainda tê-lo.

(E, por isso, sinto-me ridícula novamente.)

O que se acerta após esse malsão sentimento? Nega-me o encontro, ao fazer-me querer negá-lo. Envergonha-me orgulhar querer a fuga. Abraçar o ataque e inquietar ante o conforto.

Resenho. Resumo. Ficho. Explano e justifico. Escolho o lado e torço manter a posição à hora da verdade. Hora essa que nunca surgirá porque eu não vou deixar.

Nem mesmo para mim.


Carpe Noctem.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

domingo, 13 de março de 2011

Esperai.

Donde desperto-me.

Donde dói tanto sossegar.

O silêncio, único companheiro familiar, escapa-me.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Minuto roubado.

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Now playing: Dave Grohl - Final Miracle
via FoxyTunes


Aproveitar o tempo
Dividir o pão
Fazer com que tudo tenha a mesma graça.

É descobrir o novo
Alumiação
Fingir que não houve o que fora mal-dito.

Reflexo na chuva.
Bocejo.
Sinto frio.

E releio o que há tanto estava escrito em mim.



Carpe Noctem.