terça-feira, 22 de dezembro de 2009
Amor (versão guardanapo).
Espera.
Deliciosa tortura.
O perfume dela sendo resgatado pelo Mundo das Ideias...
...até encontrar, sublime confirmação, no real encontro entre narina e corpo.
E é igual ao sonhado.
E é igual. E é melhor.
Carpe Noctem.
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
Call of Duty (2).
Como minha tentativa de falar sobre o assunto pelo Twitter foi interpretada como um bilhete suicida, achei melhor fazer um registro também por aqui.
Ontem, dia 17 de dezembro, completei meu segundo ano como publicitário. Parece que faz muito mais, por conta de todo o aprendizado intensivo que tive e todas as experiências, boas ou ruins, que chegaram feito vagalhão na louca decisão de um psicólogo em olhar para outro rumo e pensar: “Vai que isso funciona?”.
Nesse pouco tempo de batalha, já tive muito orgulho de mim e muita vergonha de mim. Já ri muito e já chorei p’ra caralho. Já fui reconhecido além da medida e espezinhado além da medida.
Mas de tudo que aprendi (e tive de desaprender) nesse universo paralelo de criardesconstruir, encantarprevenir e atrairrepulsar, há algo que me faz muito altivo em ter assumido a grataingrata vereda:
Os amigos que conquistei.
Na foto acima, estamos Rafael, Samuel, eu e Bertone, quatro dos cinco membros da Cúpula dos Fabulosos Destinos [Faltou Thiago (e, sim, nós gostamos de criar nomes p’ra tudo)]. Alguns dos maiores amigos que ganhei no meu entrar-à-direita-em-vez-de-ter-entrado-à-esquerda. Bravos soldados da luta incansável, que gera muita dor-de-cabeça, mas também traz momentos de largos sorrisos no rosto e muitas (MUITAS!) piadas internas.
E a lista dos laços forjados nesse meio-tempo é bem maior do que na imagem supracitada. E a todos eles eu devo muito mais do que meras horas de trabalho ao lado – E, sim, devo à camaradagem, humildade e doar-se (predicados muitas vezes tão raros à classe) para partilhar do muito que eles sabem para o ainda tão pouco que já sei.
E é a todos eles que agradeço. E, mesmo que eu ainda não saiba se meu rumo é mesmo esse, já fico infinitamente grato por tê-los encontrado por essa estrada.
E todas as cervejas, cigarros, brainstorms, festas-do-mercado e madrugadas ralando muito... e ainda arrumando uma maneira disso ser divertido.
Carpe Noctem. Amo vocês.
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
Furor.
E arde, tarde, a vontade.
Um querer que nem parece ser meu de tão grande. Um afã d'algo que nunca tive. Eis que tenho.
Invade e arde, tarde.
Mas não o suficiente a nunca ter sido meu. E vejo e toco e tenho e não creio.
Vontade, invade e arde.
Tu, tocha, chama, pira, magma. E eu, Prometeus, a ter e ser iluminado.
Tarde, vontade, invade.
E eu não sei mais quem sou. Mas sei quem tu és. E isso é tudo que preciso.
Carpe Noctem.
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Soneto d'Ela (Lótus)
Eis que a encontro,
sem nunca tê-la perdido:
Flor de espinho e pétala,
Paixão digna do adolescer.
Eis o que havia perdido,
Sem saber quão minha era:
Loba de dente e uivo,
e carne e arfar e mais.
Vil-irônico tempo,
a esconder do corpo e alma
a verdade.
Mas hoje dele me vingo -
e vivo da mais inóbvia
felicidade.
sem nunca tê-la perdido:
Flor de espinho e pétala,
Paixão digna do adolescer.
Eis o que havia perdido,
Sem saber quão minha era:
Loba de dente e uivo,
e carne e arfar e mais.
Vil-irônico tempo,
a esconder do corpo e alma
a verdade.
Mas hoje dele me vingo -
e vivo da mais inóbvia
felicidade.
Carpe Noctem.
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Nono Andar.
"Com você, eu tenho medo de me apaixonar. Eu tenho medo de não me apaixonar. Tenho medo dele, tenho medo dela... Os dois, juntos, onde eu não podia entrar.
Com você, eu tenho mesmo que me conformar. Eu tenho mesmo que não me conformar. Sexo heterodoxo, lapsos de desejo... Quando eu vejo, o céu desaba sobre nós.
Mucosa roxa, peito cor de rola. Seu beijo, seu texto, seu queixo, sua coxa, seu cheiro, seu pêlo... 'cê toda.
Menina, deusa urbana, neta do sol: eu sou você e os meus rivais.
Sou só."
[Caetano Veloso - Deusa Urbana]
Carpe Noctem.
Carpe Noctem.
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Long. Long. Long.
"Johnny Guitar Watson a fitar-me. Andando sobre três rodas, uma mulher aos seus joelhos. Com uma perna sob o vestido vermelho, desejava ao menos poder vê-la - Pelo Norte, o calor da persistência amorosa.
Agora, Johnny, ele tinha muitas mulheres. E por isso, estar sorrindo lhe era corriqueiro.
À sua esquerda, a garota de vermelho, tão inocente, que não despia-se mesmo quando ia para a cama - Sim, o tipo de garota responsável pelo pecado original.
Não me confortava, mas imaginava onde ela estaria e quem ela seria. Trinta anos passaram e eu a amava ainda mais. Contudo, dessa vez eu precisava saber por que ela estava com ele.
E eu dormia com as luzes acesas para o caso dela aparecer.
Recentemente, eu a aguardava num sonho e ela veio, visitar o perdido e sozinho eu. Curvou-se sobre a cama e, com os lábios acima de minha cabeça, perguntou se eu havia visto o teu Johnny.
E escondi minha decepção pelos anos que esperei que, quando ela chegasse, seria por mim e apenas por mim."
[Eddie Vedder, Matt Cameron e Stone Gossard - Johnny Guitar]
Carpe Noctem.
terça-feira, 27 de outubro de 2009
Valhalla.
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Now playing: Metallica - Dirty Window
via FoxyTunes
Now playing: Metallica - Dirty Window
via FoxyTunes
Ei-lo, mundo:
O célebre corre-em-veias,
Consorte das toxinas,
agonistas e antagonistas.
Toma minha pele qual tela,
Forma traços compreensíveis,
plenos de ar limpo e podre,
que, enfim, tornam cônscios ao Sol.
Expulsa-te do corpo
que não o merece.
Imprime belas formas
à amiga-lâmina.
Abraça teu eu-meu-algoz.
Vai ao chão e te faça o meu conforto:
sê minhas esteira, coberta,
meia-treva e amante.
Agora, sim,
saberá o que é a vida.
E, justiça das justiças poéticas:
Singrará, livre, ao menos uma vez.
Carpe Noctem.
O célebre corre-em-veias,
Consorte das toxinas,
agonistas e antagonistas.
Toma minha pele qual tela,
Forma traços compreensíveis,
plenos de ar limpo e podre,
que, enfim, tornam cônscios ao Sol.
Expulsa-te do corpo
que não o merece.
Imprime belas formas
à amiga-lâmina.
Abraça teu eu-meu-algoz.
Vai ao chão e te faça o meu conforto:
sê minhas esteira, coberta,
meia-treva e amante.
Agora, sim,
saberá o que é a vida.
E, justiça das justiças poéticas:
Singrará, livre, ao menos uma vez.
Carpe Noctem.
sábado, 17 de outubro de 2009
Um quarto.
Há muito tempo eu não aparecia por aqui. 66 dias, para ser mais exato. Mas juro que não foi por falta de vontade ou inspiração. Estava apenas me adaptando a um novo ritmo, que exigia mais de mim do que outrora.
Pensei em aproveitar, então, esse sábado em multiaspecto ultraprodutivo para matar as saudades.
E justamente por haver muitos assuntos a ser tratados que veio a dúvida sobre qual deles tratar.
E quando vi que já havia deixado um-quarto-de-milhar de impressões por aqui, pensei sobre o outro quarto com o qual estava me havendo: minha recente chegada a um-quarto-de-século.
Completei, ao quarto dia do vigente mês, a marca dos vinte e cinco anos.
E esse ano, percebi o interessante fenômeno ao qual me envolvi: o das coisas-de-velho.
A primeira, e mais importante: justamente a de ter esse tipo de discussão. A meta-coisa-de-velho é pensar que já se está fazendo coisas de velho e refletir sobre elas.
Daí, vêm as "secundárias": a de pensar na carreira. E é interessante perceber isso: que já tenho uma carreira. Algo que construo e que a cada dia solidifica algo que se chama de "nome". Ultrapassar a barreira do estágio e ter um nome, um cargo e um salário. E todos os componentes simbólicos envolvidos nisso. É o rito de passagem; o batismo de fogo. O adultecer-se.
O outro simbólico é, pelo sistema decimal de contagem, saber que cada dia que passa me afasta dos vinte e me leva, qual vagalhão, aos trinta. E isso prescinde várias coisas. Dos cuidados com o organismo ao ficar cada dia mais ridículo morar com os pais, dentre outros detalhes que introjetamos sendo ocidentais, de gênero masculino, sulamericanos e brancocêntricos.
É o tempo do haver-se. Do exigir de si mesmo. É olhar frente a frente com a mandíbula da fera e repetir a si que se quer aceitar o desafio. É o de perguntar se o melhor não seria largar tudo e vender pulseiras em Jericoacoara.
(De forma alguma denegrindo quem faz isso. Não considero isso a derrota. Só assinalo que é a época de escolher que reviravolta assumir na vida).
É, mesmo sem pensar em casamento, pensar em que mundo seu filho nascerá. Porque, à revelia de qualquer situação civil, quero, sim, ter um filho. Quero mimá-lo, pô-lo para cima e para baixo, corrompê-la(o) com minha visão de mundo e ficar puto quando ele(a) discordar do que penso. O que reforçará meu status de velho.
E tantas outras coisas. para mim, o quart-de-século veio envolto a muito saudosismo. lembranças do que amei e odiei, sendo necessário ou não para a constituição de minha psiqué.
E com uma convicção: a de que minha avaliação para saber se a vida anda sendo boa veio de modo positivo.
A avaliação é simples (e não sei se já falei dela, de tanto tempo que passei longe do blog): é perguntar a si mesmo: se o Universo fosse ficção idealizada por alguém, o que vivo me tornaria protagonista ou coadjuvante de uma história.
Ouso, atrevo e me orgulho em responder:
Protagonista.
Carpe Noctem. Obrigado a todos os me auxiliam a viver a vida e torná-la prazerosa, mesmo envolto aos percalços.
P.S: A foto acima é de um momento em que chorei ao relembrar. Conrado, eu e Danillo, aos nove anos, com tempo livre, fazendo trabalhos escolares e aproveitando a folga para brincar com os Cavaleiros do Zodíaco. Obrigado, por tudo que vocês nem sabiam que me deram. Amo vocês.
P.P.S: Não, não vou culpar Caetano nem a vodca pelo relato embebido em emotividade. Sei que sou assim por mim próprio.
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
"Escapa de acidente, vai à igreja agradecer e morre esmagado por altar."
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Now playing: Chico Buarque - Imagina
via FoxyTunes
"Nunca optamos por fazer parte dessa encenação estúpida. Nunca senti de coração que eu me comportaria ao modo que os papéis foram dados.
Estranho como isso nos fez inseguros.
Sei que agi mal contigo. Mas tu és difícil de agradar. Dei tudo de mim e tu almejastes mais.
Para isso que servem os amigos.
Quando tua fé se vai e não consegues crer que estou em plenos mãos e joelhos, é o refugo dos corações."
Now playing: Chico Buarque - Imagina
via FoxyTunes
"Nunca optamos por fazer parte dessa encenação estúpida. Nunca senti de coração que eu me comportaria ao modo que os papéis foram dados.
Estranho como isso nos fez inseguros.
Sei que agi mal contigo. Mas tu és difícil de agradar. Dei tudo de mim e tu almejastes mais.
Para isso que servem os amigos.
Quando tua fé se vai e não consegues crer que estou em plenos mãos e joelhos, é o refugo dos corações."
[Magnus Svegnisson e Nina Persson - Junk of The Hearts]
Carpe Noctem.
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
Corvo negro.
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Now playing: Paul McCartney - Move Over Busker
via FoxyTunes
Carpe Noctem.
Now playing: Paul McCartney - Move Over Busker
via FoxyTunes
Eu sou ótimo em remediar
Aquilo que
Sou péssimo em prevenir.
Aquilo que
Sou péssimo em prevenir.
Carpe Noctem.
terça-feira, 8 de setembro de 2009
Fobos.
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Now playing: Tom Zé - Guindaste a Rigor
via FoxyTunes
O nome dela é Medo.
Cabeça baixa,
Voz baixa.
Postura submissa.
Mantém relações infelizes por anos, por puro receio de magoar alguém. Ou de ter desistido daquela pessoa para encontrar outra pior. E, como artifício para reduzir frustrações, escolhe amores inadequados.
Dói em não externar opiniões, mas acha que ser refutada doeria mais.
Sente conforto em se haver com o mal conhecido. Aventura-se com o mínimo de risco.
Chora o necessário. E para ela, o necessário é muito pouco.
Cabeça baixa,
Voz baixa.
Pura ou diluída, ela é Medo.
Carpe Noctem.
Now playing: Tom Zé - Guindaste a Rigor
via FoxyTunes
O nome dela é Medo.
Cabeça baixa,
Voz baixa.
Postura submissa.
Mantém relações infelizes por anos, por puro receio de magoar alguém. Ou de ter desistido daquela pessoa para encontrar outra pior. E, como artifício para reduzir frustrações, escolhe amores inadequados.
Dói em não externar opiniões, mas acha que ser refutada doeria mais.
Sente conforto em se haver com o mal conhecido. Aventura-se com o mínimo de risco.
Chora o necessário. E para ela, o necessário é muito pouco.
Cabeça baixa,
Voz baixa.
Pura ou diluída, ela é Medo.
Carpe Noctem.
terça-feira, 1 de setembro de 2009
Da Guerrilha.
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Now playing: The Doors - Strange Days
via FoxyTunes
As conquistas épicas são, sim, importantes.
Mas o que me deixa feliz hoje são as pequenas vitórias.
Carpe Noctem.
Now playing: The Doors - Strange Days
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As conquistas épicas são, sim, importantes.
Mas o que me deixa feliz hoje são as pequenas vitórias.
Carpe Noctem.
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Impressões sobre o novo lado de fora.
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Now playing: The Beatles - Come Together
via FoxyTunes
Os primeiros
a
terem
a
bela
vista
panorâmica
do
prédio
são
aqueles
que
não
a
terão
nunca mais.
Carpe Noctem.
Now playing: The Beatles - Come Together
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Os primeiros
a
terem
a
bela
vista
panorâmica
do
prédio
são
aqueles
que
não
a
terão
nunca mais.
Carpe Noctem.
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
Íncubo.
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Now playing on iTunes: Paul & Linda McCartney - Smile Away
via FoxyTunes
O breve aroma de uma rosa recém-colhida.
O bombeiro que dá bom-dia ao arrombar uma porta.
A bela lavadeira cobiçada pelo jovem mecânico.
Uma tempestade atingindo a Macedônia.
O cair da neve nas faces infantes.
O primeiro pagamento do mercador birmane.
A asa ferida de um alma-de-gato.
Sou um demônio que vaga pelos paraísos dos outros.
Carpe Noctem.
Now playing on iTunes: Paul & Linda McCartney - Smile Away
via FoxyTunes
O breve aroma de uma rosa recém-colhida.
O bombeiro que dá bom-dia ao arrombar uma porta.
A bela lavadeira cobiçada pelo jovem mecânico.
Uma tempestade atingindo a Macedônia.
O cair da neve nas faces infantes.
O primeiro pagamento do mercador birmane.
A asa ferida de um alma-de-gato.
Sou um demônio que vaga pelos paraísos dos outros.
Carpe Noctem.
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
"Merda."
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Now playing on YouTube: Michael Jackson - Baby Be Mine
via FoxyTunes
Mudanças.
Elas surgem, invariavelmente. Algumas, de surpresa. N'outras oportunidades, a gente mesmo cava a falta.
E independente de quais sejam, elas trazem um aperto no peito. Aquela sensação de que ela pode ter aparecido num momento inoportuno. Mesmo sendo a coisa certa, surgiu na hora errada.
Neofobia. Amarga. Esquisita.
O que fazer diante do caminho novo? Quem foi o filho-da-puta que esqueceu de comprar o caralho do mapa antes da viagem começar?
E, se você não vive num planetoide com uma rosa na redoma, é muito provável que você precise explicar dessa mudança. E é preciso confrontar toda a miríade de reações possíveis.
É comum magoar alguém p'ra se arriscar mais feliz. Às vezes, no afã de se fugir da dor, é até provável que alguém responda "Não quero você mais feliz. Quero você comigo."
E você de início repudia tal jaez de atitude. E depois se recorda de todas as vezes em que você mesmo já chegou a dizer, ou querer dizer, isso a alguém.
Mesmo que não com essas palavras.
Ah! Também há o tétrico receio de ouvir desse alguém um "Eu não disse?". O que dói como chicote ao nosso brio.
Em certas horas, o inevitável há de ocorrer:
Fechar os olhos. Prender a respiração. E pular de cabeça.
Torcendo p'ra que, lá embaixo, haja ao menos o suficiente de água.
Carpe Noctem.
Now playing on YouTube: Michael Jackson - Baby Be Mine
via FoxyTunes
Mudanças.
Elas surgem, invariavelmente. Algumas, de surpresa. N'outras oportunidades, a gente mesmo cava a falta.
E independente de quais sejam, elas trazem um aperto no peito. Aquela sensação de que ela pode ter aparecido num momento inoportuno. Mesmo sendo a coisa certa, surgiu na hora errada.
Neofobia. Amarga. Esquisita.
O que fazer diante do caminho novo? Quem foi o filho-da-puta que esqueceu de comprar o caralho do mapa antes da viagem começar?
E, se você não vive num planetoide com uma rosa na redoma, é muito provável que você precise explicar dessa mudança. E é preciso confrontar toda a miríade de reações possíveis.
É comum magoar alguém p'ra se arriscar mais feliz. Às vezes, no afã de se fugir da dor, é até provável que alguém responda "Não quero você mais feliz. Quero você comigo."
E você de início repudia tal jaez de atitude. E depois se recorda de todas as vezes em que você mesmo já chegou a dizer, ou querer dizer, isso a alguém.
Mesmo que não com essas palavras.
Ah! Também há o tétrico receio de ouvir desse alguém um "Eu não disse?". O que dói como chicote ao nosso brio.
Em certas horas, o inevitável há de ocorrer:
Fechar os olhos. Prender a respiração. E pular de cabeça.
Torcendo p'ra que, lá embaixo, haja ao menos o suficiente de água.
Carpe Noctem.
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Deus ex machina.
[Dedicado a (embora não seja baseado em) Dalila Porto]
Com muito pesar, cheguei a uma conclusão: você nos sabota.
Talvez movida pelo prazer de viver no limite, você brinca, sem habilidade alguma, com a linha da navalha dessa relação esquizo e esquisita.
Nutre um deleite pela lágrima. Um êxtase pela consequência dum não.
Roteiriza. Elabora áudio e vídeo, quadros e fotografia.
(De não termos dias juntos. E, sim, episódios-de-hoje.)
E você encaminha tão bem que omite isso de mim. E, se é que é possível, omite isso de si própria.
(Teu prazer é pela dor real.)
O que sinto é triste e infinito. Um marejar de olhos que obceca e aprofunda.
E sinto medo em começar a ter de admitir que, de me acostumar a esse sabor, em meio ao ocre e ácido, algo adocicado vem surgindo à papila.
Minha queixa é simples: se queres que eu participe, retire-me do elenco e inclua-me na direção.
Embora creia que isso soe impossível.
Já que, ao que tudo indica, você adora me ver distante.
Carpe Noctem.
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
I Want You Back.
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Now playing on iTunes: Paul McCartney - Winedark Open Sea
via FoxyTunes
Ponta Negra. Eu tinha 7 anos e cumpria com meu pai a programação de quase todo domingo: caminhar pela praia de uma ponta a outra do orla, subir o Morro do Careca (quem mora em Natal deve calcular quanto tempo isso deve fazer), descer e caminhar até a Barraca da Alice p'ra tomar caldo de peixe.
Durante a caminhada, uma canção que tocava em outra barraca chamou a minha atenção. Era a mesma música que conhecia recentemente, numa versão notadamente distinta.
"Olha, Pai! A música de Michael Jackson!"
E lá vai meu pai explicar que a canção original não era de Michael Jackson. Na verdade, ele havia feito uma versão de algo de 20 anos atrás.
Conheci a tal "música de Michael Jackson" vendo o filme que passou boa parte da minha vida sendo considerado a melhor e mais importante obra do cinema de todos os tempos:
Moonwalker.
A história bestinha de um herói-com-poderes-mágicos-que-com-a-ajuda-de-três-crianças-vence-o-super-vilão-e-salva-o-mundo, é batidíssima. Mas não era, nunca foi e nunca será isso o mais importante do filme.
E isso é óbvio.
O importante era saber onde estavam os clipes mais legais para poder vê-los e rebobinar a fita (eeeita) para vê-los novamente.
E não eram poucos, diga-se de passagem: Bad, Smooth Criminal, Speed Demon, Leave Me Alone... era um absurdo de qualidade técnica e da performance indiscutível d'O Rei.
Se bem que, diferente das outras vezes, comecei pelo final. Para ouvir, agora em outro zeitgeist, a "música de Michael Jackson".
E eu nunca vou me esquecer de como eu ficava embasbacado com tudo aquilo. E de como eu vi Moonwalker de novo e senti o mesmo de 18 anos atrás, quando o mundo todo via aquilo com outros olhos.
De uma época em que uma mulher agarrar na coxa não dizia da depravação de ninguém. Que camisa amarela, camiseta rasgada, jaqueta com penduricalhos e cinturão de campeão de boxe não diziam da homossexualidade de ninguém. Que crianças no backstage não diziam da pedofilia de ninguém.
Ah, vocês lembram da canção que eu me referi no começo?
Era "Come Together".
Carpe Noctem.
P.S: gostaria de agradecer a meu irmão Luiz Victor, de 7 anos, fã de Michael Jackson, que emprestou-me o DVD do Moonwalker. Amo você.
Now playing on iTunes: Paul McCartney - Winedark Open Sea
via FoxyTunes
Ponta Negra. Eu tinha 7 anos e cumpria com meu pai a programação de quase todo domingo: caminhar pela praia de uma ponta a outra do orla, subir o Morro do Careca (quem mora em Natal deve calcular quanto tempo isso deve fazer), descer e caminhar até a Barraca da Alice p'ra tomar caldo de peixe.
Durante a caminhada, uma canção que tocava em outra barraca chamou a minha atenção. Era a mesma música que conhecia recentemente, numa versão notadamente distinta.
"Olha, Pai! A música de Michael Jackson!"
E lá vai meu pai explicar que a canção original não era de Michael Jackson. Na verdade, ele havia feito uma versão de algo de 20 anos atrás.
Conheci a tal "música de Michael Jackson" vendo o filme que passou boa parte da minha vida sendo considerado a melhor e mais importante obra do cinema de todos os tempos:
Moonwalker.
A história bestinha de um herói-com-poderes-mágicos-que-com-a-ajuda-de-três-crianças-vence-o-super-vilão-e-salva-o-mundo, é batidíssima. Mas não era, nunca foi e nunca será isso o mais importante do filme.
E isso é óbvio.
O importante era saber onde estavam os clipes mais legais para poder vê-los e rebobinar a fita (eeeita) para vê-los novamente.
E não eram poucos, diga-se de passagem: Bad, Smooth Criminal, Speed Demon, Leave Me Alone... era um absurdo de qualidade técnica e da performance indiscutível d'O Rei.
Se bem que, diferente das outras vezes, comecei pelo final. Para ouvir, agora em outro zeitgeist, a "música de Michael Jackson".
E eu nunca vou me esquecer de como eu ficava embasbacado com tudo aquilo. E de como eu vi Moonwalker de novo e senti o mesmo de 18 anos atrás, quando o mundo todo via aquilo com outros olhos.
De uma época em que uma mulher agarrar na coxa não dizia da depravação de ninguém. Que camisa amarela, camiseta rasgada, jaqueta com penduricalhos e cinturão de campeão de boxe não diziam da homossexualidade de ninguém. Que crianças no backstage não diziam da pedofilia de ninguém.
Ah, vocês lembram da canção que eu me referi no começo?
Era "Come Together".
Carpe Noctem.
P.S: gostaria de agradecer a meu irmão Luiz Victor, de 7 anos, fã de Michael Jackson, que emprestou-me o DVD do Moonwalker. Amo você.
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sexta-feira, 14 de agosto de 2009
Ê, Brasilzão...
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Now playing on iTunes: Paul McCartney - Angry
via FoxyTunes
- Alô?
- Opa! Diz aí.
- Ei, bicho, tu 'tá fazendo o quê?
- 'Tô em casa, lendo.
- Ah, já que você também não 'tá fazendo nada, vamo sair p'ra algum canto?
- Como assim, não 'tô fazendo nada?
- Ué, você não disse que 'tava lendo?
[...]
Carpe Noctem. Amo vocês.
Now playing on iTunes: Paul McCartney - Angry
via FoxyTunes
- Alô?
- Opa! Diz aí.
- Ei, bicho, tu 'tá fazendo o quê?
- 'Tô em casa, lendo.
- Ah, já que você também não 'tá fazendo nada, vamo sair p'ra algum canto?
- Como assim, não 'tô fazendo nada?
- Ué, você não disse que 'tava lendo?
[...]
Carpe Noctem. Amo vocês.
terça-feira, 11 de agosto de 2009
Venus and Mars.
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Now playing on iTunes: The Cardigans - Celia Inside
via FoxyTunes
Fim de 2007. Estávamos em João Pessoa, fugindo do Carnatal, hospedados no apartamento de uma amiga.
Por coincidência, no apartamento dessa amiga havia um Playstation, ao qual recorríamos entre uma farra e outra. Mulheres, cerveja e videogame era a tríplice que mantinha nossos dias muito melhores.
Duas coisas eram recorrentes nesse apartamento: 1) aparecer lindas amigas da nossa anfitriã e 2) elas se incomodarem com o fato do videogame estar sempre ligado, alegando que a gente deixava de beber e conversar só porque no mínimo um de nós estaria focado na sincronia entre televisão e joystick.
(O que, inclusive, era um grande equívoco: nenhum de nós parava de beber e/ou conversar por conta disso).
Até que, num determinado momento, uma das supracitadas amigas ficou em frente à televisão, barrando a imagem:
- Vocês ficam jogando aí e não dão atenção p'ra gente!
E, sem titubear, um amigo pressionou o "pause", largou o joystick, olhou fixamente para ela e respondeu:
- Pronto, você tem 100% da minha atenção, agora. O que vamos fazer?
Ela engasgou, gaguejou, desconversou e saiu de frente da televisão. Simples assim.
E esse episódio diz tudo sobre as relações homem-mulher.
Carpe Noctem. Amo vocês.
Now playing on iTunes: The Cardigans - Celia Inside
via FoxyTunes
Fim de 2007. Estávamos em João Pessoa, fugindo do Carnatal, hospedados no apartamento de uma amiga.
Por coincidência, no apartamento dessa amiga havia um Playstation, ao qual recorríamos entre uma farra e outra. Mulheres, cerveja e videogame era a tríplice que mantinha nossos dias muito melhores.
Duas coisas eram recorrentes nesse apartamento: 1) aparecer lindas amigas da nossa anfitriã e 2) elas se incomodarem com o fato do videogame estar sempre ligado, alegando que a gente deixava de beber e conversar só porque no mínimo um de nós estaria focado na sincronia entre televisão e joystick.
(O que, inclusive, era um grande equívoco: nenhum de nós parava de beber e/ou conversar por conta disso).
Até que, num determinado momento, uma das supracitadas amigas ficou em frente à televisão, barrando a imagem:
- Vocês ficam jogando aí e não dão atenção p'ra gente!
E, sem titubear, um amigo pressionou o "pause", largou o joystick, olhou fixamente para ela e respondeu:
- Pronto, você tem 100% da minha atenção, agora. O que vamos fazer?
Ela engasgou, gaguejou, desconversou e saiu de frente da televisão. Simples assim.
E esse episódio diz tudo sobre as relações homem-mulher.
Carpe Noctem. Amo vocês.
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
Tradução.
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Now playing on iTunes: The Beatles - Devil In Her Heart
via FoxyTunes
E pela primeira vez na vida, eu lhe vejo escolhendo as palavras.
Não que isso soe como uma falha de caráter. É apenas a surpresa, mesmo. Tu, que tens sempre as palavras tão bem-escolhidas, um discurso que beira o memorizado.
Como diriam alguns, "você tem opinião p'ra tudo".
E hoje lhe vejo, escolhendo as palavras.
Seria medo? Susto?
O que falas não faz sentido para mim. E ao que parece, nem mesmo a ti.
Seria isso? Ou um esforço para acessar, disfarçar ou fingir tristeza?
Não sei.
Só sei que se eu pudesse escolher as palavras que dirias a mim, jamais seriam essas.
Carpe Noctem. Amo vocês.
Now playing on iTunes: The Beatles - Devil In Her Heart
via FoxyTunes
E pela primeira vez na vida, eu lhe vejo escolhendo as palavras.
Não que isso soe como uma falha de caráter. É apenas a surpresa, mesmo. Tu, que tens sempre as palavras tão bem-escolhidas, um discurso que beira o memorizado.
Como diriam alguns, "você tem opinião p'ra tudo".
E hoje lhe vejo, escolhendo as palavras.
Seria medo? Susto?
O que falas não faz sentido para mim. E ao que parece, nem mesmo a ti.
Seria isso? Ou um esforço para acessar, disfarçar ou fingir tristeza?
Não sei.
Só sei que se eu pudesse escolher as palavras que dirias a mim, jamais seriam essas.
Carpe Noctem. Amo vocês.
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
Lumiére.
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Now playing on iTunes: The Beatles - Only A Northern Song
via FoxyTunes
"Eu sou o tenebroso, o irmão sem irmão, o abandono, inconsolado. O sol negro da melancolia.
Eu sou ninguém, a calma sem alma que assola, atordoa e vem no desmaio do final de cada dia.
Eu sou a Explosão, o Exu, o Anjo, o Rei, O Samba-sem-canção, o Soberano de toda a alegria que existia.
Eu sou a contramão da contradição, que se entrega a qualquer deus-novo-embrião pra traficar o meu futuro por um inferno mais tranquilo.
Eu sou o Poderoso, o Bãbãbã, o Bão! Eu sou o sangue, não! Eu sou a Fome! do homem que come na brecha da mão de quem vacila.
Eu sou a Camuflagem que engana o chão. A Malandragem que resvala de mão em mão. Eu sou a Bala que voa pra sempre, sem rumo, perdida.
Eu sou a Explosão, o Exu, o Anjo, o Rei. Eu sou o Morro, o Soberano, a Alegoria que foi a minha vida.
Eu sou a Execução, a Perfuração. O Terror da próxima edição dos jornais que me gritam, me devassam e me silenciam.
Eu sou Nada e é isso que me convém. Eu sou o sub-do-mundo. E o que será que me detém?"
Now playing on iTunes: The Beatles - Only A Northern Song
via FoxyTunes
"Eu sou o tenebroso, o irmão sem irmão, o abandono, inconsolado. O sol negro da melancolia.
Eu sou ninguém, a calma sem alma que assola, atordoa e vem no desmaio do final de cada dia.
Eu sou a Explosão, o Exu, o Anjo, o Rei, O Samba-sem-canção, o Soberano de toda a alegria que existia.
Eu sou a contramão da contradição, que se entrega a qualquer deus-novo-embrião pra traficar o meu futuro por um inferno mais tranquilo.
Eu sou o Poderoso, o Bãbãbã, o Bão! Eu sou o sangue, não! Eu sou a Fome! do homem que come na brecha da mão de quem vacila.
Eu sou a Camuflagem que engana o chão. A Malandragem que resvala de mão em mão. Eu sou a Bala que voa pra sempre, sem rumo, perdida.
Eu sou a Explosão, o Exu, o Anjo, o Rei. Eu sou o Morro, o Soberano, a Alegoria que foi a minha vida.
Eu sou a Execução, a Perfuração. O Terror da próxima edição dos jornais que me gritam, me devassam e me silenciam.
Eu sou Nada e é isso que me convém. Eu sou o sub-do-mundo. E o que será que me detém?"
(Lobão - El Desdichado II)
Carpe Noctem. Amo vocês.
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
As Nove Faces das Musas (2)
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Now playing on iTunes: Foo Fighters - The Deepest Blues Are Back
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(Face-Clio, Ato II:
"Minha vida afetiva")
Carpe Noctem. Amo vocês.
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A Cruzada da Dor Primeira surgiu em 1997 envolta a um clima de descoberta das coisas: o contato entre duas pessoas dispostas a arrancar deleite do encontro dos lábios. E apenas por isso, ela já seria um marco. Entretanto, conspirações político-religiosas fariam com que as alianças se enfraquecessem e dessem abertura para os eventos que ocorreriam a seguir.
Na forma de um golpe se iniciaria, ainda em 1997, a Cruzada da Dor Segunda. A gradadativa fragilização, concomitante a pressões e garantias externas, fizeram o processo de coligação ocorrer de forma espontânea. Mas, em determinado momento, o processo de domínio de recursos parecia pouco para uma das partes. Uma tentativa frustrada de plantar uma traição fora descoberta, o que por si só arruinou toda a prosperidade da relação.
Uma manobra involuntária ao final do mesmo ano seria importante para o início da Cruzada da Dor Terceira. A intervenção de uma equipe de publicitários foi maciça o suficiente para as diferenças entre as partes ser totalmente esquecida. Assentada a poeira, após meses de negociações sem comum acordo, o caso fora arquivado.
1997 também testemunharia a Cruzada da Dor Quarta, ocasionada por uma reforma no campo da educação. Mesmo sendo oficial, ela teve pouca força por conta de alegações de monopólio.
A Cruzada da Dor Quinta surgiria em 1998, incentivada por aliados externos. Parecia promissora, se não fosse por acusações nada infundadas de traição. Lições seriam ensinadas. Lições seriam aprendidas.
Durante o segundo semestre de 1998 se iniciariam os eventos que levariam à Cruzada da Dor Sexta. Mas, mesmo com apoio de todas as partes e aliados envolvidos, ela encerrou-se sem um marco específico e por motivos que seriam e continuam sendo obscuros às partes.
Anos se passariam até que outro evento fosse iniciado. Apenas em 2001 ocorreria a Cruzada da Dor Sétima, também conhecida como Primeira Grande Cruzada da Dor. Todos os eventos dentro dela foram organizados para que fosse definitiva, até que um inexplicável abalo de confiança ocasionasse o rompimento de relações.
Os eventos que levaram ao seu fim propiciaram uma reavaliação de dinâmicas, embora politicamente nada pudesse ser feito de concreto. Tendo em vista um período de resoluções, fez-se necessário omitir as próximas jogadas geopolíticas, e se instituiria a Primeira Cruzada Secreta da Dor, também conhecida como Segunda Grande Cruzada da Dor a qual deu-se entre o fim de 2001 e início de 2002 e encerrou-se pela previsível falta de estabilidade que dela ocorreria.
Em meio a desavenças políticas surgidas ainda da Primeira Grande Cruzada, surgiriam oportunidades estratégicas de saída e reaberturas a pactos nunca dantes concluídos. Uma nova rodada de negociações faria, ao fim de 2002, surgir a breve Cruzada da Dor Oitava.
Pouco tempo depois, com recursos renovados, haveria estrutura para engendramento da Cruzada da Dor Nona, que se estenderia até início de 2003 e demonstrou que possuía mais força quando não-oficial.
Outro hiato surgiria até o fim do primeiro trimestre de 2004, quando do advento da Cruzada da Dor Décima. A qual, apesar de também promissora, se enfraqueceria ante eventos posteriores.
Ainda em 2004, dentre uma série de eventos irregulares, ocorria a Segunda Cruzada Secreta da Dor, a Terceira Grande Cruzada da Dor, que atravessaria os anos de 2005 e 2006.
E mais de um ano se passaria até a Cruzada da Dor Décima Primeira, a Quarta Grande Cruzada da Dor, que mais uma vez soaria definitiva. Um evento imerso em conflitos, paranoia e acusações de traição (dessa vez infundadas).
E cá estou eu, torcendo para que a próxima Cruzada seja a última. Pelo menos, a última da Dor.
Na forma de um golpe se iniciaria, ainda em 1997, a Cruzada da Dor Segunda. A gradadativa fragilização, concomitante a pressões e garantias externas, fizeram o processo de coligação ocorrer de forma espontânea. Mas, em determinado momento, o processo de domínio de recursos parecia pouco para uma das partes. Uma tentativa frustrada de plantar uma traição fora descoberta, o que por si só arruinou toda a prosperidade da relação.
Uma manobra involuntária ao final do mesmo ano seria importante para o início da Cruzada da Dor Terceira. A intervenção de uma equipe de publicitários foi maciça o suficiente para as diferenças entre as partes ser totalmente esquecida. Assentada a poeira, após meses de negociações sem comum acordo, o caso fora arquivado.
1997 também testemunharia a Cruzada da Dor Quarta, ocasionada por uma reforma no campo da educação. Mesmo sendo oficial, ela teve pouca força por conta de alegações de monopólio.
A Cruzada da Dor Quinta surgiria em 1998, incentivada por aliados externos. Parecia promissora, se não fosse por acusações nada infundadas de traição. Lições seriam ensinadas. Lições seriam aprendidas.
Durante o segundo semestre de 1998 se iniciariam os eventos que levariam à Cruzada da Dor Sexta. Mas, mesmo com apoio de todas as partes e aliados envolvidos, ela encerrou-se sem um marco específico e por motivos que seriam e continuam sendo obscuros às partes.
Anos se passariam até que outro evento fosse iniciado. Apenas em 2001 ocorreria a Cruzada da Dor Sétima, também conhecida como Primeira Grande Cruzada da Dor. Todos os eventos dentro dela foram organizados para que fosse definitiva, até que um inexplicável abalo de confiança ocasionasse o rompimento de relações.
Os eventos que levaram ao seu fim propiciaram uma reavaliação de dinâmicas, embora politicamente nada pudesse ser feito de concreto. Tendo em vista um período de resoluções, fez-se necessário omitir as próximas jogadas geopolíticas, e se instituiria a Primeira Cruzada Secreta da Dor, também conhecida como Segunda Grande Cruzada da Dor a qual deu-se entre o fim de 2001 e início de 2002 e encerrou-se pela previsível falta de estabilidade que dela ocorreria.
Em meio a desavenças políticas surgidas ainda da Primeira Grande Cruzada, surgiriam oportunidades estratégicas de saída e reaberturas a pactos nunca dantes concluídos. Uma nova rodada de negociações faria, ao fim de 2002, surgir a breve Cruzada da Dor Oitava.
Pouco tempo depois, com recursos renovados, haveria estrutura para engendramento da Cruzada da Dor Nona, que se estenderia até início de 2003 e demonstrou que possuía mais força quando não-oficial.
Outro hiato surgiria até o fim do primeiro trimestre de 2004, quando do advento da Cruzada da Dor Décima. A qual, apesar de também promissora, se enfraqueceria ante eventos posteriores.
Ainda em 2004, dentre uma série de eventos irregulares, ocorria a Segunda Cruzada Secreta da Dor, a Terceira Grande Cruzada da Dor, que atravessaria os anos de 2005 e 2006.
E mais de um ano se passaria até a Cruzada da Dor Décima Primeira, a Quarta Grande Cruzada da Dor, que mais uma vez soaria definitiva. Um evento imerso em conflitos, paranoia e acusações de traição (dessa vez infundadas).
E cá estou eu, torcendo para que a próxima Cruzada seja a última. Pelo menos, a última da Dor.
(Face-Clio, Ato II:
"Minha vida afetiva")
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Antissuserano.
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Now playing on iTunes: Kings Of Leon - Molly's Chambers
via FoxyTunes
Hoje o meu Quarto ficou pequeno.
Meu feudo, domínio e caos-pessoal não era o bastante para conter-me.
O colchão espinhava. O violão emudecia. As paredes diminuíam.
Meu corpo se contorcia. A respiração dificultava. Vi-me em involuntária posição de feto.
Doía cada passo dado. Cada inspiração, uma gestação. Cada expiração, um parto.
Em meio à extenuante cefaleia, tateei a parede, encontrando uma nova textura. Tecido.
Afastei-o e senti vidro. Com o pouco da força que restara de mim, golpeava o vidro. As mãos ensanguentadas, absorvendo os estilhaços menores e repelindo os maiores.
Após muita resistência, a estrutura cedeu. Um raio de sol finalmente fugia de seu cárcere de janelas e cortinas.
O olho estranhava o estímulo. Estranhou até transcorrer a era de estranhar. A luz aos poucos oferecia aos meus olhos o direito de permanecer abertos.
E eu o vi.
O Mundo.
A princípio, ele não parecia oferecer nada. Nem era somente meu! E eu, contorcido, ofegante e com as mãos vertendo sangue, não o senti apto para mim.
Até vê-la. E ela ver-me. E ela sair dali. E eu vê-la saindo.
E por um segundo, sorri com a simples possibilidade de conforto, ar e cura. Afastei o vidro e saltei a vê-la.
Quem disse que não era somente meu?
Hoje o Mundo ficou maior que meu quarto.
Carpe Noctem. Amo vocês.
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Hoje o meu Quarto ficou pequeno.
Meu feudo, domínio e caos-pessoal não era o bastante para conter-me.
O colchão espinhava. O violão emudecia. As paredes diminuíam.
Meu corpo se contorcia. A respiração dificultava. Vi-me em involuntária posição de feto.
Doía cada passo dado. Cada inspiração, uma gestação. Cada expiração, um parto.
Em meio à extenuante cefaleia, tateei a parede, encontrando uma nova textura. Tecido.
Afastei-o e senti vidro. Com o pouco da força que restara de mim, golpeava o vidro. As mãos ensanguentadas, absorvendo os estilhaços menores e repelindo os maiores.
Após muita resistência, a estrutura cedeu. Um raio de sol finalmente fugia de seu cárcere de janelas e cortinas.
O olho estranhava o estímulo. Estranhou até transcorrer a era de estranhar. A luz aos poucos oferecia aos meus olhos o direito de permanecer abertos.
E eu o vi.
O Mundo.
A princípio, ele não parecia oferecer nada. Nem era somente meu! E eu, contorcido, ofegante e com as mãos vertendo sangue, não o senti apto para mim.
Até vê-la. E ela ver-me. E ela sair dali. E eu vê-la saindo.
E por um segundo, sorri com a simples possibilidade de conforto, ar e cura. Afastei o vidro e saltei a vê-la.
Quem disse que não era somente meu?
Hoje o Mundo ficou maior que meu quarto.
Carpe Noctem. Amo vocês.
terça-feira, 4 de agosto de 2009
From The Birth.
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Now playing on iTunes: Queens of the Stone Age - Quick and to the Pointless
via FoxyTunes
E agora, estou eu aqui: indo p'ra casa debaixo de chuva. Uma vontade de não falar com ninguém contrastando com o desejo de ser ouvida.
E lembro do abraço pseudocasual que queria lhe dar, e de tudo que ensaiei que ia lhe dizer, e das tantas vezes que me recordei que nunca funcionei à base de ensaios, e de tantas vezes que o ciclo se reiniciava. Até lembrar que, ensaiando ou não, a grande luta era SE eu iria iniciar qualquer diálogo contigo.
E lembro de como deixei meu cabelo e roupas e tênis e cor de batom compondo um conjunto que, ao mesmo tempo que faria ensejar qualquer elogio teu, soaria suficientemente casual para não lhe encher da certeza de que toda a composição fora criada tendo em mente o teu único agrado.
E pensei em todos os ambientes que poderíamos partilhar aquela noite. Do quão ébria eu deveria estar. De todas as situações e possíveis rumos que a conversa tomaria para, com ou sem ganchos inteligentíssimos, pudesse estabelecer um ponto em que eu diria, para mim mesmo e para ti, que eu desengasgaria de todo o sentimento nutrido. De toda a paixão adiada.
E essa seria a noite. Pensara em todas as variáveis.
E a única que me escapara foi a que ocorreu de puxar o meu tapete. Ela, surgindo de braços atados aos teus.
E ela era nova a mim. E pelo frescor em teus olhos, unido àquela leve artificialidade nas feições, vi que também era nova a ti. Sendo assim, Como não pôde ela respeitar o ano-e-meio em que fui meticulosa a ponto de eleger essa noite A noite? Que direito ela teria de sabotar o avant-premiére das nossas vidas juntos? E como ELE poderia sentir tanto prazer diante disso?
E por um breve tempo cheguei a sentir a leve impressão de que ele havia feito tudo aquilo deliberadamente. Que, na verdade, quem engendrava a teia era ele. Que ele me fez acreditar que planejei tudo isso para que jogasse na minha cara o quanto me odiava.
E desisti de pensar nisso quando percebi que nem eu, embriagada como estava, conseguia concordar com minha própria sandice.
E eu não senti dor. Não-doía como uma pancada na cabeça que deixaria suficientemente consciente para ver o trajeto ao chão. Como uma criança que machuca o joelho e não chora enquanto não vê a mãe. Mas eu sei que corri dali. Na busca frustrada por um abraço, um sorriso ou um olhar não-teus.
E o pior de tudo é que eu não sei o que disse, fiz ou mesmo senti nesse meio-tempo.
Só sei que agora, estou eu aqui: indo p'ra casa debaixo de chuva. Uma vontade de não falar com ninguém contrastando com o desejo de ser ouvida.
Carpe Noctem. Amo vocês.
Now playing on iTunes: Queens of the Stone Age - Quick and to the Pointless
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E agora, estou eu aqui: indo p'ra casa debaixo de chuva. Uma vontade de não falar com ninguém contrastando com o desejo de ser ouvida.
E lembro do abraço pseudocasual que queria lhe dar, e de tudo que ensaiei que ia lhe dizer, e das tantas vezes que me recordei que nunca funcionei à base de ensaios, e de tantas vezes que o ciclo se reiniciava. Até lembrar que, ensaiando ou não, a grande luta era SE eu iria iniciar qualquer diálogo contigo.
E lembro de como deixei meu cabelo e roupas e tênis e cor de batom compondo um conjunto que, ao mesmo tempo que faria ensejar qualquer elogio teu, soaria suficientemente casual para não lhe encher da certeza de que toda a composição fora criada tendo em mente o teu único agrado.
E pensei em todos os ambientes que poderíamos partilhar aquela noite. Do quão ébria eu deveria estar. De todas as situações e possíveis rumos que a conversa tomaria para, com ou sem ganchos inteligentíssimos, pudesse estabelecer um ponto em que eu diria, para mim mesmo e para ti, que eu desengasgaria de todo o sentimento nutrido. De toda a paixão adiada.
E essa seria a noite. Pensara em todas as variáveis.
E a única que me escapara foi a que ocorreu de puxar o meu tapete. Ela, surgindo de braços atados aos teus.
E ela era nova a mim. E pelo frescor em teus olhos, unido àquela leve artificialidade nas feições, vi que também era nova a ti. Sendo assim, Como não pôde ela respeitar o ano-e-meio em que fui meticulosa a ponto de eleger essa noite A noite? Que direito ela teria de sabotar o avant-premiére das nossas vidas juntos? E como ELE poderia sentir tanto prazer diante disso?
E por um breve tempo cheguei a sentir a leve impressão de que ele havia feito tudo aquilo deliberadamente. Que, na verdade, quem engendrava a teia era ele. Que ele me fez acreditar que planejei tudo isso para que jogasse na minha cara o quanto me odiava.
E desisti de pensar nisso quando percebi que nem eu, embriagada como estava, conseguia concordar com minha própria sandice.
E eu não senti dor. Não-doía como uma pancada na cabeça que deixaria suficientemente consciente para ver o trajeto ao chão. Como uma criança que machuca o joelho e não chora enquanto não vê a mãe. Mas eu sei que corri dali. Na busca frustrada por um abraço, um sorriso ou um olhar não-teus.
E o pior de tudo é que eu não sei o que disse, fiz ou mesmo senti nesse meio-tempo.
Só sei que agora, estou eu aqui: indo p'ra casa debaixo de chuva. Uma vontade de não falar com ninguém contrastando com o desejo de ser ouvida.
Carpe Noctem. Amo vocês.
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Evangeline.
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Now playing on iTunes: Paul McCartney - Uncle Albert-Admiral Halsey
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Plano aberto. Quarto da casa dele.
A luz da televisão projetando no casal as únicas cores de toda a casa. O amigo com quem dividia o apartamento viajaria por todo o fim de semana. Não que as coisas mudassem muito com isso, mas pelo menos dava p'ra namorar com a porta aberta.
O casal assistia a um filme. Nenhum lançamento - apenas um filme que eles deixaram passar batido nesses anos de namoro, viram em alguma banquinha de DVDs piratas e aperceberam do fato. Os dois, enrolados no edredom, viam uma cena protagonizada por um galã hollywoodiano.
Plano fechado no casal. Subitamente, ela se vira para o namorado e pergunta:
- Posso fazer uma pergunta besta?
Com os olhos ainda fixos à tela, ele responde:
- Pode, sim.
- Mas se não quiser responder, não responde.
- Un-hun.
- Se você pudesse escolher uma atriz...
- Ih, lá vem...
- Não, pô! Sem besteira!
- Sei...
- Sério! Se você pudesse escolher uma atriz p'ra passar uma noite, qualquer uma...
- Meu Deus...
- Deixa de ser chato! Entra na brincadeira!
- 'Tá bom, 'tá bom! Eu "entro na brincadeira". Mas você vai ter que responder uma coisa.
- O que é?
- E se você pudesse escolher um ator? Quem seria?
Ela fica sem-graça e empalidece um pouco. Nada perceptível à tão pouca luz ambiente. E aponta para a tela.
- Ele? Sério mesmo?
- É... É, sim! Seria com ele.
Ele olha om um certo desdém. Menea com os olhos entreabertos.
- Ah, mas é só faz-de-conta, seu bobo!
- Eu não estou dizendo nada!
- Não com a boca!
- Deixa p'ra lá, sua boba!
Eles gargalham, fazem cócegas um no outro. O edredom cai no chão e ele o recolhe. A noite estava fria. Continuam a ver o filme.
- Ei! - Ela grita, olhando para ele de forma inquisitiva, com um olho fechado e um bico.
- Oi.
- Você não me falou quem era a sua!
- Ah, foi!
- Então? Fala, logo!
Ele olha para cima, pensativo:
- Ehh... qual é o nome dela, mesmo? A daquele seriado que você vê...
- A protagonista?
- Não, não... Aquela que faz o papel da amiga dela.
- Ah, sei, sim!
Ele demora a dizer, mas responde:
- É... acho que seria ela!
- Sério?
- Sério.
- Hmmm... então, 'tá bom.
O silêncio reina no recinto. Os olhos dele voltam a se fixar à tela. Momento tenso do filme.
- Posso dizer uma coisa? - Ela questiona.
- Un-hun.
- Eu não gostei, não!
- Ahn? Não gostou do quê?
- Você jura por Deus que não vai reclamar?
- Reclamar do quê?
- E nem vai rir!
- Rir do quê? - Ele já começaria a ficar impaciente.
- É porque... é...
- Fala!
- Ela nem é daquelas loiras falsas...
- Não, não é...
- Nem daquelas gostosonas siliconadas...
- Também, não...
- Ela é até sardentinha!
- É, sim...
- Tipo... é daquelas mulheres que outras mulheres também achariam bonitas! Proporcional, sem peitão, sem bundão... Daquela beleza que se pode encontrar no meio da rua!
- Mas ela não está no meio da rua. Está em Hollywood!
- Eu sei, mas... Mas... Ah!
- O que foi?
- Você ficaria com raiva se eu dissesse que 'tô com ciúmes?
- Putaqueopariu...
E esse foi mais um caso clássico de mulheres que se frustram diante da imprevisibilidade masculina.
Carpe Noctem. Amo vocês.
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Plano aberto. Quarto da casa dele.
A luz da televisão projetando no casal as únicas cores de toda a casa. O amigo com quem dividia o apartamento viajaria por todo o fim de semana. Não que as coisas mudassem muito com isso, mas pelo menos dava p'ra namorar com a porta aberta.
O casal assistia a um filme. Nenhum lançamento - apenas um filme que eles deixaram passar batido nesses anos de namoro, viram em alguma banquinha de DVDs piratas e aperceberam do fato. Os dois, enrolados no edredom, viam uma cena protagonizada por um galã hollywoodiano.
Plano fechado no casal. Subitamente, ela se vira para o namorado e pergunta:
- Posso fazer uma pergunta besta?
Com os olhos ainda fixos à tela, ele responde:
- Pode, sim.
- Mas se não quiser responder, não responde.
- Un-hun.
- Se você pudesse escolher uma atriz...
- Ih, lá vem...
- Não, pô! Sem besteira!
- Sei...
- Sério! Se você pudesse escolher uma atriz p'ra passar uma noite, qualquer uma...
- Meu Deus...
- Deixa de ser chato! Entra na brincadeira!
- 'Tá bom, 'tá bom! Eu "entro na brincadeira". Mas você vai ter que responder uma coisa.
- O que é?
- E se você pudesse escolher um ator? Quem seria?
Ela fica sem-graça e empalidece um pouco. Nada perceptível à tão pouca luz ambiente. E aponta para a tela.
- Ele? Sério mesmo?
- É... É, sim! Seria com ele.
Ele olha om um certo desdém. Menea com os olhos entreabertos.
- Ah, mas é só faz-de-conta, seu bobo!
- Eu não estou dizendo nada!
- Não com a boca!
- Deixa p'ra lá, sua boba!
Eles gargalham, fazem cócegas um no outro. O edredom cai no chão e ele o recolhe. A noite estava fria. Continuam a ver o filme.
- Ei! - Ela grita, olhando para ele de forma inquisitiva, com um olho fechado e um bico.
- Oi.
- Você não me falou quem era a sua!
- Ah, foi!
- Então? Fala, logo!
Ele olha para cima, pensativo:
- Ehh... qual é o nome dela, mesmo? A daquele seriado que você vê...
- A protagonista?
- Não, não... Aquela que faz o papel da amiga dela.
- Ah, sei, sim!
Ele demora a dizer, mas responde:
- É... acho que seria ela!
- Sério?
- Sério.
- Hmmm... então, 'tá bom.
O silêncio reina no recinto. Os olhos dele voltam a se fixar à tela. Momento tenso do filme.
- Posso dizer uma coisa? - Ela questiona.
- Un-hun.
- Eu não gostei, não!
- Ahn? Não gostou do quê?
- Você jura por Deus que não vai reclamar?
- Reclamar do quê?
- E nem vai rir!
- Rir do quê? - Ele já começaria a ficar impaciente.
- É porque... é...
- Fala!
- Ela nem é daquelas loiras falsas...
- Não, não é...
- Nem daquelas gostosonas siliconadas...
- Também, não...
- Ela é até sardentinha!
- É, sim...
- Tipo... é daquelas mulheres que outras mulheres também achariam bonitas! Proporcional, sem peitão, sem bundão... Daquela beleza que se pode encontrar no meio da rua!
- Mas ela não está no meio da rua. Está em Hollywood!
- Eu sei, mas... Mas... Ah!
- O que foi?
- Você ficaria com raiva se eu dissesse que 'tô com ciúmes?
- Putaqueopariu...
E esse foi mais um caso clássico de mulheres que se frustram diante da imprevisibilidade masculina.
Carpe Noctem. Amo vocês.
sexta-feira, 31 de julho de 2009
Espiral.
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Now playing on iTunes: The Fireman - Two Magpies
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Passaste boa parte de teu tempo a escarnecer minha lealdade. Pisar em cada milímetro de felicidade que meus sorrisos continham.
E me humilhaste. A mim e ao que eu sentia. Fazia-me feliz e questionava a felicidade que tu mesma causavas em mim.
Fazias querer parecer que toda pétala arrancada fosse de mal-me-quer. E sorrias. Sorrias de todo dano que causava e do quanto ser assim me tornava cada dia mais teu.
Fazer pouco dos meus sentimentos era o teu lúdico. Debochaste de minha sinceridade. Desfizeste de tudo que era meu, só por ser tão teu.
O pior de ser fiel é quando tu nem em fidelidade acreditas.
Carpe Noctem. Amo vocês.
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Passaste boa parte de teu tempo a escarnecer minha lealdade. Pisar em cada milímetro de felicidade que meus sorrisos continham.
E me humilhaste. A mim e ao que eu sentia. Fazia-me feliz e questionava a felicidade que tu mesma causavas em mim.
Fazias querer parecer que toda pétala arrancada fosse de mal-me-quer. E sorrias. Sorrias de todo dano que causava e do quanto ser assim me tornava cada dia mais teu.
Fazer pouco dos meus sentimentos era o teu lúdico. Debochaste de minha sinceridade. Desfizeste de tudo que era meu, só por ser tão teu.
O pior de ser fiel é quando tu nem em fidelidade acreditas.
Carpe Noctem. Amo vocês.
quinta-feira, 30 de julho de 2009
Para o mundo, que eu quero descer!
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Now playing on iTunes: The Beatles - I'm A Loser
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Carpe Noctem. Amo vocês.
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E dói.
E manca.
E a folha cai.
A bala na agulha.
Mas a arma a quilômetros.
E o mundo roda.
E eu vou na onda.
Sendo impossível,
Portanto,
Ficar parado.
(Então vou me sentar agora, tá bom?
Tchau.)
E manca.
E a folha cai.
A bala na agulha.
Mas a arma a quilômetros.
E o mundo roda.
E eu vou na onda.
Sendo impossível,
Portanto,
Ficar parado.
(Então vou me sentar agora, tá bom?
Tchau.)
Carpe Noctem. Amo vocês.
quarta-feira, 29 de julho de 2009
F2.
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Now playing on iTunes: Queen - Headlong
via FoxyTunes
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A calma
corrompe
quando se é plena.
Acostuma
à calma viver
a própria calma.
Em braços
não-teus,
a calma foge.
E foge duas vezes
em notar
que não são
os teus.
Entregue à virtude,
torna vício.
Entregue à Vênus,
torno-me Marte.
Dúbio e Duplo.
Plural e Ambíguo.
Meu e não.
Segue e esconde.
Mata aos poucos...
(...Por nem machucar.)
corrompe
quando se é plena.
Acostuma
à calma viver
a própria calma.
Em braços
não-teus,
a calma foge.
E foge duas vezes
em notar
que não são
os teus.
Entregue à virtude,
torna vício.
Entregue à Vênus,
torno-me Marte.
Dúbio e Duplo.
Plural e Ambíguo.
Meu e não.
Segue e esconde.
Mata aos poucos...
(...Por nem machucar.)
Carpe Noctem. Amo vocês.
terça-feira, 28 de julho de 2009
Véspera.
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Now playing on iTunes: Ana Cañas - Não Quero Mais
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A primeira lágrima desceu antes mesmo de eu desligar o telefone. E o clima dentro daquele quarto escuro, de meia-luz por conta da cortina mal-fechada, ficou soturno como nunca.
Certtifiquei-me de que a porta estava trancada, o que racionalmente seria bobagem, já que ela sempre estava. Mas aquele não era um momento propício para racionalidades.
Nem mesmo a música alegre que tocava no momento fora percebida, o que denotava a genuinidade da tristeza. Quando estamos apenas parcialmente abatidos, sentimos um mórbido prazer em compor um cenário perfeito à prática do entristecer-se.
Não era o caso.
A dor doía a ponto de querer fazer de toda molécula de pelúcia, celulose, vidro, plástico, metal e pétala que a lembrasse rasgar tal qual o coração aparentava estar. Que se desintegrassem... embora não houvesse como rasgar todo o sentimento contido em cada intenção contida em cada regalo.
Não há o que fazer. A inércia advinda da sensação de ter o corpo puxado em todas as direções ao mesmo tempo. A falta-de-reação que é filha do susto veio a visitar-me.
E ela disse: "eu te odeio".
E eu não consegui pensar em nada que a fizesse sentir o contrário.
Carpe Noctem. Amo vocês.
Now playing on iTunes: Ana Cañas - Não Quero Mais
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A primeira lágrima desceu antes mesmo de eu desligar o telefone. E o clima dentro daquele quarto escuro, de meia-luz por conta da cortina mal-fechada, ficou soturno como nunca.
Certtifiquei-me de que a porta estava trancada, o que racionalmente seria bobagem, já que ela sempre estava. Mas aquele não era um momento propício para racionalidades.
Nem mesmo a música alegre que tocava no momento fora percebida, o que denotava a genuinidade da tristeza. Quando estamos apenas parcialmente abatidos, sentimos um mórbido prazer em compor um cenário perfeito à prática do entristecer-se.
Não era o caso.
A dor doía a ponto de querer fazer de toda molécula de pelúcia, celulose, vidro, plástico, metal e pétala que a lembrasse rasgar tal qual o coração aparentava estar. Que se desintegrassem... embora não houvesse como rasgar todo o sentimento contido em cada intenção contida em cada regalo.
Não há o que fazer. A inércia advinda da sensação de ter o corpo puxado em todas as direções ao mesmo tempo. A falta-de-reação que é filha do susto veio a visitar-me.
E ela disse: "eu te odeio".
E eu não consegui pensar em nada que a fizesse sentir o contrário.
Carpe Noctem. Amo vocês.
segunda-feira, 27 de julho de 2009
As Nove Faces das Musas (1)
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Now playing on iTunes: Ana Cañas - A Menina E O Cachorro
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Now playing on iTunes: Ana Cañas - A Menina E O Cachorro
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A voz do bardo caído,
falando dos dias que eram dele,
foi o primeiro som que aquele
bravo guerreiro teria ouvido.
Atordoado, ele captava
o mundo ao teu redor -
tão distinto e tão menor
donde outrora estava.
O espólio da outra noite
e dias anteriores,
tão ausentes de cores
ainda lhe vem tal açoite.
Encontra conforto apenas
Quando sai do gélido castigo
E encontra, no tecido amigo,
temperaturas amenas.
Do outro lado do aposento
o guerreiro ouve o brado,
forte como um machado,
de quem o toma por rebento.
Por aquele urro urgente,
imponente como nenhum,
ele ignora o desjejum
e célere vai à sua frente.
Vê o conteúdo do alforje
em cada arma guardada
para assegurar que nada
à sua memória lhe foge.
Acena a cabeça, em positivo
e vê às suas costas, a estrada
Referendando a jornada
Cujo tento é retornar vivo.
(Face-Calíope, Ato I:
"Me arrumando para ir ao trabalho")
falando dos dias que eram dele,
foi o primeiro som que aquele
bravo guerreiro teria ouvido.
Atordoado, ele captava
o mundo ao teu redor -
tão distinto e tão menor
donde outrora estava.
O espólio da outra noite
e dias anteriores,
tão ausentes de cores
ainda lhe vem tal açoite.
Encontra conforto apenas
Quando sai do gélido castigo
E encontra, no tecido amigo,
temperaturas amenas.
Do outro lado do aposento
o guerreiro ouve o brado,
forte como um machado,
de quem o toma por rebento.
Por aquele urro urgente,
imponente como nenhum,
ele ignora o desjejum
e célere vai à sua frente.
Vê o conteúdo do alforje
em cada arma guardada
para assegurar que nada
à sua memória lhe foge.
Acena a cabeça, em positivo
e vê às suas costas, a estrada
Referendando a jornada
Cujo tento é retornar vivo.
(Face-Calíope, Ato I:
"Me arrumando para ir ao trabalho")
Carpe Noctem. Amo vocês.
sexta-feira, 24 de julho de 2009
Doze Casas.
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Now playing on iTunes: The Beatles - A Day In The Life
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Divido com vocês a relíquia abaixo, que ganhei do meu amigo Goi (vulgo Auciomar):
Esse foi o time da 4ª série C, campeão do I Torneio da Amizade do Henrique Castriciano, em 1994.
Assim como Goi comentou, eu pensei de primeira que não lembraria o nome de todos. Mas o fiz. E várias lembranças pipocaram. Tanto desse dia em específico (que foi a primeira vez que chorei de alegria, ao ganhar o campeonato) quanto dessa época de escola. Cada rosto que vi me lembrou de pelo menos um episódio em específico.
Também, pudera: boa parte dessa formação passou toda a vida escolar junta. Nos víamos todos os dias úteis e alguns fins de semana, tirando as tardes "produtivas" fazendo trabalhos escolares.
Fico feliz por ter contato ainda com muitos deles. Ao mesmo tempo que fico triste pelos que perdi contato. Inclusive, se você estiver aqui (ou não) e quiser retomar o contato com a gente, fica o recado.
Ah, só p'ra constar: eu sou o primeiro da esquerda, na fileira dos agachados.
Muito obrigado, Goi, pela oportunidade. E muito obrigado a Victor, Rodolfo, Márcio, Graciliano, Auciomar, Matosalém, Frederico, Thiago, Diego, Adolfo, Igor, Daniel, Danillo e tantos outros pelos momentos compartilhados. De alguma maneira, por conta de tudo que vivemos juntos, todos nós somos irmãos.
Carpe Noctem. Amo vocês.
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Divido com vocês a relíquia abaixo, que ganhei do meu amigo Goi (vulgo Auciomar):
Esse foi o time da 4ª série C, campeão do I Torneio da Amizade do Henrique Castriciano, em 1994.
Assim como Goi comentou, eu pensei de primeira que não lembraria o nome de todos. Mas o fiz. E várias lembranças pipocaram. Tanto desse dia em específico (que foi a primeira vez que chorei de alegria, ao ganhar o campeonato) quanto dessa época de escola. Cada rosto que vi me lembrou de pelo menos um episódio em específico.
Também, pudera: boa parte dessa formação passou toda a vida escolar junta. Nos víamos todos os dias úteis e alguns fins de semana, tirando as tardes "produtivas" fazendo trabalhos escolares.
Fico feliz por ter contato ainda com muitos deles. Ao mesmo tempo que fico triste pelos que perdi contato. Inclusive, se você estiver aqui (ou não) e quiser retomar o contato com a gente, fica o recado.
Ah, só p'ra constar: eu sou o primeiro da esquerda, na fileira dos agachados.
Muito obrigado, Goi, pela oportunidade. E muito obrigado a Victor, Rodolfo, Márcio, Graciliano, Auciomar, Matosalém, Frederico, Thiago, Diego, Adolfo, Igor, Daniel, Danillo e tantos outros pelos momentos compartilhados. De alguma maneira, por conta de tudo que vivemos juntos, todos nós somos irmãos.
Carpe Noctem. Amo vocês.
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Victor
quinta-feira, 23 de julho de 2009
De(ath)sign (29)
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Now playing on iTunes: The Beatles - Across The Universe
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Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.
Carpe Noctem. Amo vocês.
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De(ath)sign (28)
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Now playing on iTunes: Tom Zé - 08 - Me Dá, Me Dê, Me Diz
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Carpe Noctem. Amo vocês.
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Carpe Noctem. Amo vocês.
De(ath)sign (27)
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Now playing on iTunes: Vanessa da Mata - Eu Quero Enfeitar Você
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Carpe Noctem. Amo vocês.
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Carpe Noctem. Amo vocês.
De(ath)sign (26)
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Now playing on iTunes: Van Halen - Hot For Teacher
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Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.
Carpe Noctem. Amo vocês.
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Carpe Noctem. Amo vocês.
sexta-feira, 17 de julho de 2009
Fallen
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Now playing on iTunes: Nando Reis e Os Infernais - Driamante
via FoxyTunes
Estou cansado de ver minha autonomia se esvair. De ser tão fina a ponto de escapar por minhas mãos entreabertas.
Estou cansado de ver ventiladores direcionados a meus castelos de cartas toda vez que vacilo.
Estou cansado de ter o tapete puxado por mãos tão outrora dóceis.
Estou cansado de esperar pelo amor que me pediu paciência.
Estou cansado de tudo isso e muio mais.
Quero mudar.
Mas estou tão cansado...
Carpe Noctem. Amo vocês.
Now playing on iTunes: Nando Reis e Os Infernais - Driamante
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Estou cansado de ver minha autonomia se esvair. De ser tão fina a ponto de escapar por minhas mãos entreabertas.
Estou cansado de ver ventiladores direcionados a meus castelos de cartas toda vez que vacilo.
Estou cansado de ter o tapete puxado por mãos tão outrora dóceis.
Estou cansado de esperar pelo amor que me pediu paciência.
Estou cansado de tudo isso e muio mais.
Quero mudar.
Mas estou tão cansado...
Carpe Noctem. Amo vocês.
quinta-feira, 16 de julho de 2009
Eu, ONU de mim.
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Now playing on iTunes: Nando Reis e Os Infernais - Mosaico Abstrato 2
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Muitos dos que visitam o blog sabem que sou psicólogo. E, como tal, tenho como uma das principais atribuições a de mediar conflitos.
Segundo amigos meus, eu já possuia essa habilidade antes mesmo de pensar em fazer faculdade. E, diga-se de passagem, isso parece ser mesmo verdade, pelas vezes que as pessoas demandam meus préstimos, mesmo "à paisana". Não sei o que tenho escrito na testa, mas deve sinalizar bem. Não são poucas as vezes que até mesmo pessoas que nunca me viram na vida chegam a mim p’ra fazer confidências ou resolver questões externas.
As prováveis causas para isso acontecer podem ser várias. Eu mesmo tenho algumas hipóteses em mente.
Mas não é esse o foco.
A questão é: como se acostumam à minha persona centrada, resoluta e solícita (coisa que, acreditem, eu NÃO sou 24/7), parece que as incomoda presenciar qualquer comportamento que destoe dela. Qualquer traço irracional, conflitante ou indeciso soa inadequado.
Mesmo nas relações pessoais, quando surge um episódio de um Breno-irado, Breno-teimoso ou Breno-imprudente, logo vem a crítica. Já fui chamado de “cruel” apenas por ter sido sincero em vez de ter assumido a velha postura do ouvinte incondicional. Como se o inesperado tomasse forma de inconcebível. E quantos danos isso já me causou...
Mudando sem mudar de assunto, recordo-me de uma vez em que eu participava de um projeto de extensão em Plantão Psicológico, para atender pacientes e parentes do setor de politrauma do maior hospital do Rio Grande do Norte. Fui incumbido de atender uma família que havia acabado de chegar. Um rapaz sofrera um razoavelmente grave acidente de moto. Chega um casal de idosos, seus pais, e uma garota. A senhora e a garota choravam de forma desesperada. Falei com a moça e perguntei se ela era namorada do rapaz. Ela respondeu que era ex-noiva dele. Estranhei, em princípio.
O pai do rapaz contou como ocorrera o acidente, passou o tempo inteiro cuidando delas duas, sobretudo a esposa. Quando as crises de choro dela tornavam-se mais graves, ele a abraçava serenamente. Falava palavras doces. Solicitaram um calmante injetável e ela permaneceu um tempo, inquieta, para depois entrar num estado semelhante a um cochilo. A garota acompanhou o pós-operatório do ex-noivo. O senhor, em certo momento, escapou um comentário importante p’ra análise daquela dinâmica:
“Eu estou uma bomba-relógio”.
Quando o pai do rapaz viu que a situação se estabeleceu ele olhou para mim. Retirou um lenço do bolso da camisa. Olhou para baixo. E caiu num agudo e sofrido pranto. Começou a relatar sobre os conflitos entre o seu filho, a esposa e a ex-noiva. Pelo que seu discurso indicava, ele era a liga entre as relações. O apaziguador. Portanto, não poderia demonstrar fraqueza no momento em que precisava exalar fortaleza.
Empatizei logo de cara com o senhor do relato acima. Às vezes, dá a impressão que eu não posso perder as estribeiras p’ra não desabar tudo. Como se pensassem: “É, se nem Breno consegue ficar calmo diante disso, fodeu tudo”.
Algumas relações em que entrei, inclusive pareciam abusar disso. Tanto em casos como “Eu posso endoidar, aqui, já que ele vai sustentar pelos dois” quanto “entre ele ou outro, vou escolher o outro porque ele consegue aguentar melhor uma má notícia”. O mais paciente sempre acaba por último. Nice guys finish first.
E é isso. Esse é um manifesto pelos meus direitos. O de ficar puto. Triste. De magoar outra pessoa. O de não ter resposta p’ra tudo. E, acima de tudo, o de soar inseguro.
E se por acaso você não esperasse nunca que iria ler palavras como essa por aqui... é porque meu desabafo funcionou a meu contento.
Carpe Noctem. Amo vocês.
Now playing on iTunes: Nando Reis e Os Infernais - Mosaico Abstrato 2
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Muitos dos que visitam o blog sabem que sou psicólogo. E, como tal, tenho como uma das principais atribuições a de mediar conflitos.
Segundo amigos meus, eu já possuia essa habilidade antes mesmo de pensar em fazer faculdade. E, diga-se de passagem, isso parece ser mesmo verdade, pelas vezes que as pessoas demandam meus préstimos, mesmo "à paisana". Não sei o que tenho escrito na testa, mas deve sinalizar bem. Não são poucas as vezes que até mesmo pessoas que nunca me viram na vida chegam a mim p’ra fazer confidências ou resolver questões externas.
As prováveis causas para isso acontecer podem ser várias. Eu mesmo tenho algumas hipóteses em mente.
Mas não é esse o foco.
A questão é: como se acostumam à minha persona centrada, resoluta e solícita (coisa que, acreditem, eu NÃO sou 24/7), parece que as incomoda presenciar qualquer comportamento que destoe dela. Qualquer traço irracional, conflitante ou indeciso soa inadequado.
Mesmo nas relações pessoais, quando surge um episódio de um Breno-irado, Breno-teimoso ou Breno-imprudente, logo vem a crítica. Já fui chamado de “cruel” apenas por ter sido sincero em vez de ter assumido a velha postura do ouvinte incondicional. Como se o inesperado tomasse forma de inconcebível. E quantos danos isso já me causou...
Mudando sem mudar de assunto, recordo-me de uma vez em que eu participava de um projeto de extensão em Plantão Psicológico, para atender pacientes e parentes do setor de politrauma do maior hospital do Rio Grande do Norte. Fui incumbido de atender uma família que havia acabado de chegar. Um rapaz sofrera um razoavelmente grave acidente de moto. Chega um casal de idosos, seus pais, e uma garota. A senhora e a garota choravam de forma desesperada. Falei com a moça e perguntei se ela era namorada do rapaz. Ela respondeu que era ex-noiva dele. Estranhei, em princípio.
O pai do rapaz contou como ocorrera o acidente, passou o tempo inteiro cuidando delas duas, sobretudo a esposa. Quando as crises de choro dela tornavam-se mais graves, ele a abraçava serenamente. Falava palavras doces. Solicitaram um calmante injetável e ela permaneceu um tempo, inquieta, para depois entrar num estado semelhante a um cochilo. A garota acompanhou o pós-operatório do ex-noivo. O senhor, em certo momento, escapou um comentário importante p’ra análise daquela dinâmica:
“Eu estou uma bomba-relógio”.
Quando o pai do rapaz viu que a situação se estabeleceu ele olhou para mim. Retirou um lenço do bolso da camisa. Olhou para baixo. E caiu num agudo e sofrido pranto. Começou a relatar sobre os conflitos entre o seu filho, a esposa e a ex-noiva. Pelo que seu discurso indicava, ele era a liga entre as relações. O apaziguador. Portanto, não poderia demonstrar fraqueza no momento em que precisava exalar fortaleza.
Empatizei logo de cara com o senhor do relato acima. Às vezes, dá a impressão que eu não posso perder as estribeiras p’ra não desabar tudo. Como se pensassem: “É, se nem Breno consegue ficar calmo diante disso, fodeu tudo”.
Algumas relações em que entrei, inclusive pareciam abusar disso. Tanto em casos como “Eu posso endoidar, aqui, já que ele vai sustentar pelos dois” quanto “entre ele ou outro, vou escolher o outro porque ele consegue aguentar melhor uma má notícia”. O mais paciente sempre acaba por último. Nice guys finish first.
E é isso. Esse é um manifesto pelos meus direitos. O de ficar puto. Triste. De magoar outra pessoa. O de não ter resposta p’ra tudo. E, acima de tudo, o de soar inseguro.
E se por acaso você não esperasse nunca que iria ler palavras como essa por aqui... é porque meu desabafo funcionou a meu contento.
Carpe Noctem. Amo vocês.
terça-feira, 14 de julho de 2009
Alente.
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Now playing on iTunes: Wings - So Glad To See You Here
via FoxyTunes
Li dia desses algo que ela escreveu p'ra mim. Encerrava dizendo: "jamais deixarei de gostar de você."
E eu sorri, com a beleza do imprescindível a inundar a vida dos amantes. Daquele precioso direito de ser ingênuo. Haveria final-feliz mais honesto de se torcer do que o seu próprio?
Hoje, não estamos mais juntos. O que, de uma maneira que o Universo tornou incompreensível, fez o que ela escreveu ficar mais bonito. um doce registro de um velado amor doce. Da típica falta de escolha das palavras. Uma falta de critério que só os amantes dominam.
Amar de verdade é redescobrir um parâmetro. É sentir-se maior que antes. É não caber em si ante a mera iminência de encontrar o outro. E, ao quebrar a cara, é encontrar outro parâmetro e reiniciar o ciclo. Mesmo que a Vida, brincando conosco, nos põe de frente, novamente, a um antigo amor, será para degustar sabores diferentes.
Lembro com muito gosto do tempo que não éramos, nem precisávamos ser. Daquele amor que teimava em brotar. O qual surgia e nos fazia ser os últimos a saber. Da cumplicidade que saltava os olhos e gerava todos os tipos de sentimentos ao nosso redor. Todos mesmo.
E ela disse: "jamais deixarei de gostar de você".
E eu não lembro o que respondi.
Carpe Noctem. Amo vocês.
Now playing on iTunes: Wings - So Glad To See You Here
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Li dia desses algo que ela escreveu p'ra mim. Encerrava dizendo: "jamais deixarei de gostar de você."
E eu sorri, com a beleza do imprescindível a inundar a vida dos amantes. Daquele precioso direito de ser ingênuo. Haveria final-feliz mais honesto de se torcer do que o seu próprio?
Hoje, não estamos mais juntos. O que, de uma maneira que o Universo tornou incompreensível, fez o que ela escreveu ficar mais bonito. um doce registro de um velado amor doce. Da típica falta de escolha das palavras. Uma falta de critério que só os amantes dominam.
Amar de verdade é redescobrir um parâmetro. É sentir-se maior que antes. É não caber em si ante a mera iminência de encontrar o outro. E, ao quebrar a cara, é encontrar outro parâmetro e reiniciar o ciclo. Mesmo que a Vida, brincando conosco, nos põe de frente, novamente, a um antigo amor, será para degustar sabores diferentes.
Lembro com muito gosto do tempo que não éramos, nem precisávamos ser. Daquele amor que teimava em brotar. O qual surgia e nos fazia ser os últimos a saber. Da cumplicidade que saltava os olhos e gerava todos os tipos de sentimentos ao nosso redor. Todos mesmo.
E ela disse: "jamais deixarei de gostar de você".
E eu não lembro o que respondi.
Carpe Noctem. Amo vocês.
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