sábado, 17 de outubro de 2009

Um quarto.


Há muito tempo eu não aparecia por aqui. 66 dias, para ser mais exato. Mas juro que não foi por falta de vontade ou inspiração. Estava apenas me adaptando a um novo ritmo, que exigia mais de mim do que outrora.

Pensei em aproveitar, então, esse sábado em multiaspecto ultraprodutivo para matar as saudades.

E justamente por haver muitos assuntos a ser tratados que veio a dúvida sobre qual deles tratar.

E quando vi que já havia deixado um-quarto-de-milhar de impressões por aqui, pensei sobre o outro quarto com o qual estava me havendo: minha recente chegada a um-quarto-de-século.

Completei, ao quarto dia do vigente mês, a marca dos vinte e cinco anos.

E esse ano, percebi o interessante fenômeno ao qual me envolvi: o das coisas-de-velho.

A primeira, e mais importante: justamente a de ter esse tipo de discussão. A meta-coisa-de-velho é pensar que já se está fazendo coisas de velho e refletir sobre elas.

Daí, vêm as "secundárias": a de pensar na carreira. E é interessante perceber isso: que já tenho uma carreira. Algo que construo e que a cada dia solidifica algo que se chama de "nome". Ultrapassar a barreira do estágio e ter um nome, um cargo e um salário. E todos os componentes simbólicos envolvidos nisso. É o rito de passagem; o batismo de fogo. O adultecer-se.

O outro simbólico é, pelo sistema decimal de contagem, saber que cada dia que passa me afasta dos vinte e me leva, qual vagalhão, aos trinta. E isso prescinde várias coisas. Dos cuidados com o organismo ao ficar cada dia mais ridículo morar com os pais, dentre outros detalhes que introjetamos sendo ocidentais, de gênero masculino, sulamericanos e brancocêntricos.

É o tempo do haver-se. Do exigir de si mesmo. É olhar frente a frente com a mandíbula da fera e repetir a si que se quer aceitar o desafio. É o de perguntar se o melhor não seria largar tudo e vender pulseiras em Jericoacoara.

(De forma alguma denegrindo quem faz isso. Não considero isso a derrota. Só assinalo que é a época de escolher que reviravolta assumir na vida).

É, mesmo sem pensar em casamento, pensar em que mundo seu filho nascerá. Porque, à revelia de qualquer situação civil, quero, sim, ter um filho. Quero mimá-lo, pô-lo para cima e para baixo, corrompê-la(o) com minha visão de mundo e ficar puto quando ele(a) discordar do que penso. O que reforçará meu status de velho.

E tantas outras coisas. para mim, o quart-de-século veio envolto a muito saudosismo. lembranças do que amei e odiei, sendo necessário ou não para a constituição de minha psiqué.

E com uma convicção: a de que minha avaliação para saber se a vida anda sendo boa veio de modo positivo.

A avaliação é simples (e não sei se já falei dela, de tanto tempo que passei longe do blog): é perguntar a si mesmo: se o Universo fosse ficção idealizada por alguém, o que vivo me tornaria protagonista ou coadjuvante de uma história.

Ouso, atrevo e me orgulho em responder:

Protagonista.

Carpe Noctem. Obrigado a todos os me auxiliam a viver a vida e torná-la prazerosa, mesmo envolto aos percalços.


P.S: A foto acima é de um momento em que chorei ao relembrar. Conrado, eu e Danillo, aos nove anos, com tempo livre, fazendo trabalhos escolares e aproveitando a folga para brincar com os Cavaleiros do Zodíaco. Obrigado, por tudo que vocês nem sabiam que me deram. Amo vocês.


P.P.S: Não, não vou culpar Caetano nem a vodca pelo relato embebido em emotividade. Sei que sou assim por mim próprio.

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