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Now playing on iTunes: Paul McCartney - Uncle Albert-Admiral Halsey
via FoxyTunes
Plano aberto. Quarto da casa dele.
A luz da televisão projetando no casal as únicas cores de toda a casa. O amigo com quem dividia o apartamento viajaria por todo o fim de semana. Não que as coisas mudassem muito com isso, mas pelo menos dava p'ra namorar com a porta aberta.
O casal assistia a um filme. Nenhum lançamento - apenas um filme que eles deixaram passar batido nesses anos de namoro, viram em alguma banquinha de DVDs piratas e aperceberam do fato. Os dois, enrolados no edredom, viam uma cena protagonizada por um galã hollywoodiano.
Plano fechado no casal. Subitamente, ela se vira para o namorado e pergunta:
- Posso fazer uma pergunta besta?
Com os olhos ainda fixos à tela, ele responde:
- Pode, sim.
- Mas se não quiser responder, não responde.
- Un-hun.
- Se você pudesse escolher uma atriz...
- Ih, lá vem...
- Não, pô! Sem besteira!
- Sei...
- Sério! Se você pudesse escolher uma atriz p'ra passar uma noite, qualquer uma...
- Meu Deus...
- Deixa de ser chato! Entra na brincadeira!
- 'Tá bom, 'tá bom! Eu "entro na brincadeira". Mas você vai ter que responder uma coisa.
- O que é?
- E se você pudesse escolher um ator? Quem seria?
Ela fica sem-graça e empalidece um pouco. Nada perceptível à tão pouca luz ambiente. E aponta para a tela.
- Ele? Sério mesmo?
- É... É, sim! Seria com ele.
Ele olha om um certo desdém. Menea com os olhos entreabertos.
- Ah, mas é só faz-de-conta, seu bobo!
- Eu não estou dizendo nada!
- Não com a boca!
- Deixa p'ra lá, sua boba!
Eles gargalham, fazem cócegas um no outro. O edredom cai no chão e ele o recolhe. A noite estava fria. Continuam a ver o filme.
- Ei! - Ela grita, olhando para ele de forma inquisitiva, com um olho fechado e um bico.
- Oi.
- Você não me falou quem era a sua!
- Ah, foi!
- Então? Fala, logo!
Ele olha para cima, pensativo:
- Ehh... qual é o nome dela, mesmo? A daquele seriado que você vê...
- A protagonista?
- Não, não... Aquela que faz o papel da amiga dela.
- Ah, sei, sim!
Ele demora a dizer, mas responde:
- É... acho que seria ela!
- Sério?
- Sério.
- Hmmm... então, 'tá bom.
O silêncio reina no recinto. Os olhos dele voltam a se fixar à tela. Momento tenso do filme.
- Posso dizer uma coisa? - Ela questiona.
- Un-hun.
- Eu não gostei, não!
- Ahn? Não gostou do quê?
- Você jura por Deus que não vai reclamar?
- Reclamar do quê?
- E nem vai rir!
- Rir do quê? - Ele já começaria a ficar impaciente.
- É porque... é...
- Fala!
- Ela nem é daquelas loiras falsas...
- Não, não é...
- Nem daquelas gostosonas siliconadas...
- Também, não...
- Ela é até sardentinha!
- É, sim...
- Tipo... é daquelas mulheres que outras mulheres também achariam bonitas! Proporcional, sem peitão, sem bundão... Daquela beleza que se pode encontrar no meio da rua!
- Mas ela não está no meio da rua. Está em Hollywood!
- Eu sei, mas... Mas... Ah!
- O que foi?
- Você ficaria com raiva se eu dissesse que 'tô com ciúmes?
- Putaqueopariu...
E esse foi mais um caso clássico de mulheres que se frustram diante da imprevisibilidade masculina.
Carpe Noctem. Amo vocês.
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
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