terça-feira, 19 de maio de 2009

Ueshiba.

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Certa feita, durante uma aula de Aikido, o sensei pediu para que treinássemos quedas. Pura e simplesmente. E num ritmo bastante puxado: levantávamos-nos, preparávamos a posição ideal, caíamos e levantávamos novamente. Num determinado momento, enquanto estávamos no chão, o sensei ordenava que ficássemos ali. Parados. Deitados. Respirando. Durante dez segundos.

E assim fazíamos. Repetíamos o ciclo. Em determinados momentos, ele intervia sempre perguntando:

— O que vocês aprenderam com isso?

Todos nós, tentando alcançar a sabedoria da austera figura à nossa frente, dissertávamos sobre o poder da prática, a maturidade em saber cair e tantas outras coisas profundas sobre a doutrina, o quadrado-triângulo-círculo, o Universo e lá vai. Ele assumia uma feição desdenhosa, olhava para cima e, serenamente, dizia:

— Repitam.

E lá íamos nós, a repetir o ciclo, decepcionados com nós mesmos, a perguntar qual foi a aula que a perdemos que tinha o macete p’ra responder essa pergunta.

Após dezenas de séries e repetições, ele pediu para que ficássemos em posição cerimonial. Suados, esbaforidos. Derrotados.

Ele perguntou novamente. Nós respondemos novamente. Ele sorriu e disse:

— Vocês não aprenderam a valorizar os dez segundos de descanso entre uma série e outra?

O aprendizado, simples e poderoso, fez-se percebido entre todos. Era unânime.

E isso é o bonito do Aikido. A lição já estava dentro de nós.

Faltava apenas alcançá-la.


Carpe Noctem. Amo vocês.

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