quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Um lembrete.

Recebi essa mensagem há muito tempo, como um depoimento do querido amigo Álvaro.

Talvez nem ele se lembre disso.



"Machado,

Achei estranho seu jeito outro dia (...). Diferia da leveza habitual.

Parecia muito com a sua foto sombria (...), mas como seu duplo negativo. Enquanto a foto é sombria e nela você parece leve (essa é a palavra); (...) você estava em um meio iluminado e barulhento e parecia sombrio.

O mal das sombras é que nelas só podemos imaginar como seriam as formas, que podem ser diferentes vistas sob a luz.

Espero que você sempre possa retornar rápido dessas sombras, lembrando apenas de lançar um pouco de luz nessas formas que parecem estranhas.

Sua leveza é importante para muita gente.

E prezo muito a sua amizade."


Nunca esqueci do conselho, Cirne.

Mas você há de admitir que, às vezes, é complicado.


Carpe Diem. Amo vocês.

Lao Tzu.


Toda criança é artista. O problema é como permanecer artista depois de crescer.”

-Pablo Picasso



Honra. Companheirismo. Curiosidade. Consciência do mundo.

Rousseau à parte - Não trato do bom-selvagem. Nunca lhe ocorreu a impressão de que aprendemos e em seguida desaprendemos a nutrir esses valores?

Não há nada mais adulto do que embrutecer. E talvez por isso as crianças insistam em permanecer sendo o que são:

Crianças.

E sendo assim,elas tornam-se nossas maiores mestres.

Nadar. Desenhar. Cair. O maior segredo nessas artes é nunca ter parado de desenvolvê-las. Mas nos sabotamos, com a idéia de que há o risco do afogamento; que desenhar não é p'ra gente grande; E que cair é sinônimo de derrota.

Quem pensa que crianças não agem de forma séria, decerto nunca contrariou uma.

Nós não precisamos ensinar às crianças como cuidar do planeta. São elas que nos ensinarão. Questionando. Contestando. Batendo o pé.

E ensinando a lição. Tão simples que enrubesce as faces de quem a ouve:

Lembre-se de nunca esquecer-se.”


Carpe Diem. Amo vocês.




terça-feira, 16 de setembro de 2008

Soneto de Um Eu Que Fui.


Espero a visita,

quase sem pujança,

de uma lendária senhora

chamada Esperança.


A Esperança existe?

Sim.

Embora não nutra

apreço por mim.


A Esperança

deixou-me

a sofrer horrores.


A Esperança

me deve

flores.



Carpe Diem. Amo vocês.

Sin.


Para além da culpa, uma cegueira que imprime um sentimento lúgubre. Um afastamento e aproximação de alegrias e tristezas correndo em senóide. E ainda não sei o que os extremos querem dizer.

Estou despido de sentido. Em direção a uma direção qualquer.

Corra! Siga em busca de algo! Que doa, se for preciso.

E faça com que o prazer demore... Mas chegue.”

Fuja do obviamente bom. Ou o abrace, se alcançar gozo dali.

Excite-me enquanto eu a ignoro.

Desejo. Gemo. Agarro. Exalo. Mordo.

Mas cinco sentidos não me bastam. Se fossem treze, também não me bastariam.

Porque não há nada mais humano do que buscar velhos prazeres.

E querer novos pecados.


Carpe Diem. Amo vocês.


sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Mapas E Bússola. Sorte E Acaso.


Eu não me tenho. Eu não me alcanço. Reiteradamente me despercebo.

Sou alvo fácil. Estou nas mãos. À mercê do motivo para as próximas lágrimas.

Eu vou e volto. Penso ter percorrido todo o caminho.

Sendo assim, por que não me encontro?

As belas notas vindas de um piano. Os quase-sempre tristes acordes de um violino.

Estaria eu neles? Ou é com eles que eu fujo?

Apercebo-me do imperceptível. Ora imperceptível de tão tênue.

(Ora imperceptível de tão inexistente.)

É quando preciso de um sorriso que você ri de mim?

É quando quero você por perto que você vem escarnecer-me?

Sublime. Feroz. Por ora, necessária.

É assim que tua ausência me chega.


Carpe Diem. Amo vocês.


quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Amidon de Blé.


Eis que o instinto ruge. E uma vontade surge.

A vontade de correr com minha matilha. Aquela antiga, tanto a matilha quanto a vontade. À qual os riscos não se calculavam. Nem a matilha nem a vontade.

Subir e descer por aquele antigo campo, nosso elemento. Voltar a farejar os mesmos aromas de outrora. Hoje mesmo, não haveria prazer maior se eu voltasse às ruínas e encontrasse os mesmos lobos. Se engalfinhando, a brincar as mesmas brincadeiras de outrora.

Que bom seria se eles parassem tudo o que estivessem a fazer quando me vissem! E lançassem aquele olhar, tão característico e tão genuíno e do qual sinto tanta falta!

Aquele que diz: "Lógico que sentimos saudade!

Só que não aguentamos esperar tanto."

E seria bom. Tocar o chão e sentir o vento é diferente sem vocês. E é diferente com vocês.

E caçaríamos. E voaríamos baixo. E assustaríamos os mesmos seres de outrora com nossas táticas, caóticas e intrincadas, mas que sempre funcionavam.

E anoiteceria. E é aí que seria melhor ainda. Porque uivaríamos. E morderíamos. E sangraríamos.

E quando chegasse a hora de dormir, fugiríamos do frio... juntos.


(Uma borboleta no chão. Corro em direção a ela.)


E o instinto desse velho lobo finge, com sucesso, que não há mais saudade alguma.



Carpe Diem. Amo vocês.


quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Convexo.


Uma tormenta me aflige. Ainda aguardo a contagem de sobreviventes.

Um sentimento que beira o nominável, embora não seja. Uma exasperada fuga de sentido. Uma tétrica ausência de alguma coisa. Algo que relaxa quando contrai, e aflige quando expande. Que não sabe se é da ordem do tangível. Mas que também nutre o medo de qualquer e iminente toque.

Que peca por excesso.

E tarda ao vir em tempo real.

Chega. Eu não consigo mais. Permito e espero encarecidamente que qualquer coisa me atinja. Qualquer coisa mesmo.

(E relaxa quando contrai. E aflige quando expande.)

Faço o que posso fazer: sento em lótus. Acendo um cigarro. Me evado do niilismo que a solidão força e sorrio ao fitar as estrelas.

Afinal, não há naufrágio que se preze que não comece com a esperança de um resgate.


Carpe Diem. Amo vocês.